Policial

Vereadores se surpreendem com hotel de luxo sem funcionar dentro do Hospital Padre Zé; obra foi feita na gestão do padre Egídio

Em entrevista, o vereador também falou que há entendimento entre os parlamentares da Câmara de que o Padre Zé precisa de emendas para garantir o funcionamento em 2024.


Hospital Padre Zé (Foto: Reprodução)

Uma comissão de vereadores da Câmara de João Pessoa visitou, nessa quarta-feira (6), o Hospital Padre Zé, que passa por grave crise financeira após desvios de recursos feitos pelo diretor anterior da unidade, o padre Egídio de Carvalho, que está preso. No local, os vereadores constataram um hotel de luxo, inaugurado há quase dois anos, que não teve serventia para o hospital.

Em entrevista ao programa Arapuan Verdade, da Arapuan FM, o vereador Coronel Sobreira falou que a reunião foi organizada pelo presidente da Câmara, Dinho Dowsley, após visita do atual gestor do hospital, o padre George Batista, à Câmara.

“É um hotel em ótimas condições. São três andares, cada andar com sete leitos, que infelizmente ainda não teve serventia para o hospital. Há quase dois anos ele foi inaugurado. As investigações vão ver o porque ele ainda não teve utilidade para o hospital”, falou o vereador, como acompanhado pelo ClickPB.

Durante a entrevista, o vereador argumentou que há entendimento entre os parlamentares da Câmara de que o Padre Zé precisa de emendas para garantir o funcionamento em 2024. Por conta disso, os vereadores já estão definindo valores para encaminhar ao hospital.

“Pudemos conhecer in loco as dificuldades do hospital. Certamente, eles (vereadores) vão colocar emendas ali. Particularmente já separei valores para destinar e estamos aguardando a definição de quanto teremos em emendas. Há um projeto para aumentar em R$ 1 milhão, mas esse valor só pode ser destinado a órgãos públicos de saúde, como o Trauminha, e não a entidades como o Padre Zé”, contou o vereador, como notado pelo ClickPB.

Entenda a crise no Padre Zé

O escândalo no Hospital Padre Zé começou a ser divulgado após o desaparecimento de celulares e equipamentos eletrônicos doados pela Receita Federal para serem leiloados pelo hospital.

Após isso, começaram a surgir denúncias de desvio de outros recursos e o esquema criminoso, comandado pelo padre Egídio de Carvalho, então diretor do hospital, virou algo de uma investigação na Operação Indignus.

Durante as ações policiais, o padre Egídio foi afastado da direção do Hospital Padre Zé pela Arquidiocese da Paraíba. Uma nova equipe foi designada para comandar a unidade de saúde e determinou, inclusive, a realização de auditorias.

Como acompanhou o ClickPB, a Arquidiocese revelou que o padre Egídio havia contraído o valor de R$ 13 milhões em empréstimos em nome do Hospital Padre Zé e o dinheiro nunca chegou a ser aplicado na unidade de saúde.

A Operação Indignus cumpriu mandados em dez imóveis que seriam do padre Egídio, dentre eles uma granja na cidade de Conde e apartamentos em prédios de luxo na orla de João Pessoa.

Como trouxe o ClickPB, nos locais, os investigadores encontraram itens de luxo e ostentação. Os imóveis eram equipados com lustres e projetos de iluminação requintados.

Também chamou atenção que na granja havia móveis rústicos de madeira avaliados em R$ 3 milhões, além de 30 cães da raça Lulu da Pomerânia. Uma pesquisa do ClickPB revelou que um cão desta raça pode ser comercializado por até R$ 10 mil.

O padre Egídio de Carvalho, além de Amanda Duarte e Jannyne Dantas, ambas apontadas como envolvidas no esquema, foram presos no dia 17 de novembro.

Após audiência de custódia, o padre foi encaminhado ao Presídio Especial em João Pessoa, Amanda Duarte está em prisão domiciliar, por estar amamentando um bebê de quatro meses, e Jannyne Dantas foi levada ao presídio feminino Júlia Maranhão, também na Capital.

Em tentativa de colocar o religioso em liberdade, os advogados do padre Egídio entraram com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas a medida foi negada pelo ministro Teodoro da Silva Santos.

  • ClickPB

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