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Em tratamento contra câncer, professora de João Pessoa desabafa nas redes sociais e relata espera na “fila da morte” por auxílio-doença


Professora com câncer relata dificuldades em conseguir benefício do INSS (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A professora paraibana Gabriela Teixeira Adloff usou as redes sociais e fez um desabafo para chamar a atenção do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e conseguir o auxílio-doença. Conforme apurou o ClickPB, Gabriela mora em João Pessoa e luta contra um câncer no fígado há dois anos. Ela afirma que precisa do benefício para continuar o tratamento, já que está desempregada desde que descobriu a doença. Segundo a professora, os médicos já aprovaram o laudo duas vezes, mas o processo é sempre negado sem justificativas quando chega na instância administrativa.

“Eu acredito que isso é uma política de quem decide quem morre e quem vive. Precisamos do benefício para poder lutar pela vida, mas temos esse direito negado. Além de estarmos na fila da morte, quando a gente finalmente consegue um atendimento, o médico realmente vê que você está doente, faz o laudo, aprova e é negado”, disse Gabriela em um vídeo publicado nas redes sociais.

Gabriela afirmou que a medida em que foi tratando a doença, descobriu que o tumor era inoperável, mas que conseguiu encontrar um médico especialista para atender o caso dela em São Paulo. A professora contou com a ajuda da família e dos amigos para fazer a cirurgia e se manter no outro estado. “Fui para São Paulo e morei lá por sete meses, graças a uma vaquinha que os familiares e amigos se juntaram e reuniram dinheiro. Foi o que me sustentou. Foi uma cirurgia muito complexa. Demorou 15 horas. Meu fígado foi tirado do corpo e operado na bancada. Como estava praticamente inutilizável, com um pedacinho da parte boa os médicos reconstruíram e fizeram um fígado novo”, lembra.

De acordo com a professora, o câncer já chegou em nível de metástase e surgiram outros tumores nos pulmões. “O fígado cresceu, mas eu já estava com metástase e tinha um tumor no pulmão direito”, afirma.  Ela relatou que no período em que ficou em São Paulo não fez quimioterapia e devido a isso o tumor cresceu. “São vários nódulos. Eles cresceram e agora tô com um derrame pleural, com água no pulmão. O lado direito do pulmão não funciona”, relata. Por conta disso, Gabriela ainda disse que precisa fazer uma ressonância magnética, que custa em torno de mil reais.

Desempregada e mãe de uma menina de sete anos, Gabriela disse que na época que descobriu a doença estava trabalhando em três escolas, mas precisou se afastar para tratar a doença. “Consegui me afastar pela junta médica depois que o contrato venceu, eu entrei com o pedido de benefício pelo INSS. O médico que fez o laudo aprovou o benefício durante um ano, mas na instância administrativa foi negado”, relata.

Vivendo em uma rotina dividida em entre os cuidados com a saúde em meio às sequelas da quimioterapia e a criação da filha, a professora desabafa: “Eu tô sem renda, dependendo de ajuda para fechar minhas contas e não consigo arrumar trabalho com o estado de saúde que estou. Eu tô com câncer espalhado pelo corpo e não consigo subir um lance de escada sem ter palpitação, nem fazer uma caminhada sem meu coração acelerar. Sempre estou pedindo ajuda porque eu não tenho renda.”

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Uma publicação partilhada por Gabriela Teixeira Adloff (@gabiadloff)

Após as dificuldades em conseguir o auxílio-doença e ter o direito ao benefício negado duas vezes, Gabriela precisou acionar a justiça como última alternativa. “Agora eu estou com um advogado para tentar acessar esse processo e entender o que ta acontecendo, por que que o processo é indeferido. A gente entrou com uma ação judicial e mais uma vez estamos esperando, dessa vez pela liminar”, lamenta.

Mesmo com todas as dificuldades que tem passado por causa da doença, a professora se diz grata por estar viva e pede que o vídeo seja compartilhado chegue aos órgãos competentes para que outras pessoas que passam pelo mesmo problema tenham o direito garantido. “Eu quero que os nossos direitos sejam respeitados. Não estou pedindo um favor, estou pedindo justiça. Peço a todos que estão vendo esse vídeo agora para que repassem esse vídeo. Eu quero que esse vídeo chegue aos olhos e aos ouvidos das pessoas que são  responsáveis. A gente ta aqui lutando pela vida, a gente não é invisível”, desabafa.

A redação do ClickPB procurou a Gerência Executiva do INSS em João Pessoa, e a assessoria do órgão informou que o processo de Gabriela Teixeira Adloff está em análise e que em breve sairá a resposta definitiva. A assessoria afirmou ainda que se o direito for reconhecido, a professora terá o benefício implantado de imediato.

Auxílio-doença

É o benefício pago ao segurado que precisa se afastar do trabalho por mais de 15 dias.
Para requerer o benefício por incapacidade temporária – antes conhecido como auxílio-doença – o segurado precisa estar contribuindo para a Previdência Social ou encontrar-se no período de graça, que é o intervalo em que seus direitos estão mantidos.

A avaliação da incapacidade do segurado é feita pela perícia médica que vai indicar, inclusive, o período recomendado de afastamento.

Para solicitar o benefício, o solicitante precisa baixar o aplicativo Meu INSS ou acessar o site https://meu.inss.gov.br.

ClickPB

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