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Eleições na Turquia: apoio de candidato ultranacionalista pode ser decisivo para vitória de Erdogan


O candidato ultranationalista turco Sinan Ogan, ao anunciar seu apoio ao presidente Recep Tayyip Erdogan para o segundo turno da eleição presidencial na Turquia, nesta segunda-feira (22), em Ancara.
REUTERS – CAGLA GURDOGAN

Sinan Ogan, candidato ultranacionalista, anunciou nesta segunda-feira (22) seu apoio ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que tenta se reeleger. Terceiro lugar no primeiro turno em 14 de maio, Ogan obteve apenas 5,2% da preferência do eleitorado. Mas seus simpatizantes podem ser cruciais para a última etapa do pleito, no próximo domingo.

Essa é sem dúvidas uma boa notícia para Erdogan, que precisava de apenas 300 mil votos a mais para se reeleger no primeiro turno. Sinan Ogan, de 54 anos, que obteve a preferência de 2,8 milhões de eleitores, convocou seus partidários a apoiar o presidente turco.

O ultranacionalista, que se mostra como uma “terceira via”, diz que a convocação é feita em nome da “estabilidade”. Para ele, o Parlamento e a presidência devem ser liderados pelo mesmo partido. A legenda do chefe de Estado, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita conservador), obteve maioria do primeiro turno das eleições legislativas, também realizadas em 14 de maio.

Nada garante, no entanto, que os partidários de Ogan, que não tem uma base eleitoral bem definida, migrariam todos para Erdogan. Em geral, os eleitores deste político ultranacionalista são hostis tanto ao atual presidente quanto a seu principal rival, o social-democrata Kemal Kiliçdaroglu, do Partido Republicano do Povo (CHP).

Por outro lado, uma certeza existe: com essa iniciativa, Ogan espera fortalecer seu futuro político. O ex-candidato aspira a presidência do Partido de Ação Nacionalista (MHP), do qual foi expulso em 2017. Seu atual presidente, Devlet Bahçeli, é um dos grandes aliados de Erdogan.

Apoio criticado por opositor e menosprezado por Erdogan

No Twitter, Kiliçdaroglu criticou o anúncio do ultranacionalista. “Estamos chegando para salvar o país do terrorismo e dos refugiados”, disse, reforçando sua promessa de expulsar os mais de 3,7 milhões sírios do país se for eleito. Também fez um apelo aos cerca de oito milhões de eleitores que não compareceram às urnas e aos jovens.

Já Erdogan afirmou que não precisa do apoio de Ogan para se reeleger. Após o primeiro turno, o ultranacionalista se disse aberto ao diálogo. Na sexta-feira (19), ele se reuniu com o presidente em Istambul, mas parece não ter atraído sua simpatia.

Ainda assim, Ogan comemora o que considera um “sucesso” nas urnas, mesmo que tenha obtido apenas 5,2% dos votos no último 14 de abril. Segundo ele, nacionalistas e jovens o consideram “moderno”, “intelectual” e “representante da nova política”.

Filho de camponeses, Ogan estudou Direito e Ciências Políticas na Turquia e na Rússia. Ele é defensor do nacionalismo laico e fiel aos princípios do fundador da Turquia moderna e do CHP, Mustafa Kemal Atatürk. Seu posicionamento de base o opõe ao islamo-conservador Erdogan que, defende um islã político.

O atual presidente, que está decidido a permanecer por mais cinco anos na presidência da Turquia, obteve 49,5% dos votos no primeiro da eleição presidencial. Kiliçdaroglu, à frente de uma coalizão de seis partidos, ficou em segundo lugar, com 44,9% dos votos.

Com informações de Anne Andlauer, correspondente da RFI em Istambul, e agências 

 

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