Apesar de Bolsonaro, Ciro Nogueira é contra mudar Lei da Ficha Limpa
O senador diz que eventual alteração vai “trazer de volta” quem cometeu “corrupção”. Ele defendeu manter os 8 anos de inelegibilidade

O ex-ministro da Casa Civil da gestão Bolsonaro e senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse em entrevista ao Metrópoles ser contrário a uma mudança na Lei da Ficha Limpa, apesar do apelo da oposição no tema, a fim de tentar beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma proposta do deputado Bibo Nunes (PL-RS) passou a ser defendida por diferentes alas da oposição e pelo próprio ex-presidente. O texto estabelece a redução do período de inelegibilidade de oito anos para dois, o que poderia tornar Bolsonaro elegível para 2026.
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“Eu sou contra. Na essência, ela [a proposta] pode ser uma coisa boa para beneficiar algumas pessoas que estão sendo injustiçadas, mas com isso nós vamos trazer de volta pessoas que cometeram atos de corrupção no nosso país, que têm que ser afastados da vida pública. Então, sou contra. Não é a forma correta de nós enfrentarmos esse problema”, disse o senador na entrevista exclusiva.
O congressista defendeu que a Lei da Ficha Limpa seja regulamentada para que o período de inelegibilidade dure de fato só duas eleições, mas não uma redução do período de oito anos.
“A Lei da Ficha tem que ser regulamentada para que a pessoa seja afastada por oito anos. Também não concordo que a pessoas, por conta de alguns erros e situações, fique 18 anos, como acontece em alguns casos no nosso país. Mas nós temos que respeitar oito anos, duas eleições. Eu acho que é mais do que correto”, declarou.
PL da Anistia: “Favorável”
Questionado sobre o projeto de lei (PL) que quer dar anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro, Ciro disse ser favorável à medida, e que essa votação vai permitir a virada de página no país.
“Acho que a população brasileira quer essa anistia. Nós temos que virar essa página e condenar essas pessoas que estão hoje presas a penas absurdas na forma correta”, declarou.
Segundo Ciro Nogueira, as pessoas que depredaram e estragaram os Poderes precisam pagar pelo que fizeram, mas não com penas elevadas.
“Eu não defendo jamais que elas saiam completamente isentas. Elas têm que pagar por vandalismo, por invadir prédios públicos, até como exemplo no nosso país, para que isso não se repita. Agora, condenar uma pessoa que quebrou um vidro do Congresso Nacional ou do Supremo a uma pena maior de quem mata quem rouba, quem estupra o nosso país, é um absurdo”, argumentou.
Crítica a Alcolumbre
O senador criticou a fala do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que na quarta-feira (19/2) disse que o PL da anistia “não é o assunto dos brasileiros”, em uma sinalização de que o tema não deve avançar no Congresso.
“É um direito dos senadores votarem e definir se querem ou não. Isso não é opção do presidente da Câmara nem do presidente do Senado. Nós não elegemos o presidente da Câmara, do Senado para dizer o que vai ser votado,o que não vai ser votado. Nós temos que respeitar até o direito da minoria de votar as questões e pautar”, defendeu Ciro Nogueira.
Metrópoles