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Amazônia é o tema central da maior convenção de exploradores do planeta

Durante três dias, Portugal reúne os maiores exploradores do planeta e pioneiros da exploração espacial no Global Exploration Summit. O evento começou nesta quarta-feira (14) na Ilha Terceira, nos Açores. A Amazônia será um dos destaques da programação pela importância da floresta na conservação do planeta.

O surfista português Hugo Vau, açoriano de coração, já surfou as maiores ondas do planeta e será um dos participantes do encontro. © Arquivo pessoal

Desde 2019, alguns dos cientistas e exploradores mais notáveis do mundo se reúnem em Portugal para compartilhar as mais inovadoras descobertas e experiências na vanguarda da exploração. Nesta quarta edição do Global Exploration Summit (GLEX Summit), mais de 40 cientistas e exploradores de 14 nacionalidades participam do evento.

Um dos oradores é o biólogo brasileiro Leo Lanna, que tem procurado desvendar os mistérios dos insetos que habitam as noites da floresta tropical. Lanna lidera expedições na Amazônia e na Mata Atlântica desde 2015. Ele é cofundador do Projeto Mantis, uma organização independente de pesquisa, conservação e registro fotográfico da vida selvagem, voltada à divulgação da misteriosa diversidade da floresta tropical. Na maior parte do tempo, isto envolve estar na escuridão completa. Com uma lanterna na mão e uma câmera, Lanna tem pesquisado particularmente o louva-a-deus, para revelar o universo vibrante deste inseto.

Para Manuel Vaz, da Expanding World, organizador da GLEX, ter a Amazônia como um dos temas centrais da convenção será muito importante. “Todos os anos temos temas centrais, e este ano, na conservação da natureza, nós estaremos focados na Amazônia, como algo muito importante para todos nós da espécie humana”, disse Vaz à RFI. “Vamos debater o que o espaço, a biologia e a tecnologia podem fazer pela Amazônia”, acrescentou.

Um dos painéis sobre a floresta contará com a participação de cientistas do Peru e do Equador, ao lado do brasileiro Lanna. “Vamos ter também um explorador que percorreu todo o rio Amazonas sozinho em um caiaque, em 1988, e até hoje é considerado a única pessoa a conseguir esse feito”, disse o organizador.

Manuel Vaz, da Expanding World, organizador do GLEX.
Manuel Vaz, da Expanding World, organizador do GLEX. © Luciana Quaresma

A Missão Artemis, o Telescópio Espacial James, a procura pelo túmulo de Cleópatra no Egito e a conservação dos oceanos serão outros temas em debate.

Clube de Exploradores de Nova York

O português Hugo Vau, açoriano de coração, será um dos participantes do encontro. Vau é o único surfista integrante do Clube de Exploradores de Nova York, que tem como associados nomes como Jeff Bezos e o astronauta Richard Garriott de Cayeux.

Essa instituição lendária, fundada em 1904, nos Estados Unidos, lidera importantes missões científicas que impulsionam a humanidade a avançar na direção de novas fronteiras do conhecimento. Vau foi convidado a integrar o seleto clube em 2019, um ano depois de surfar uma onda de 30 metros de altura na Praia do Norte, em Nazaré. Hoje, o português carrega a bandeira em defesa dos oceanos.

“Se os oceanos morrerem, nós vamos morrer também”, diz o surfista. Ele descreve o Clube de Exploradores como um grupo em que todos são pioneiros em alguma coisa, “um clube com muita visão de futuro, com muitas funções importantes que representam uma mais-valia para a conservação do planeta e para a conservação dos oceanos”.

Para Vau, o arquipélago dos Açores é um exemplo de que ainda existe o paraíso. “Ninguém passa pelos Açores e fica indiferente. Quase todas as pessoas voltam ou ficam para morar, como é o meu caso”, afirmou à RFI.

Conhecido também como “Davos da exploração”, o Global Exploration Summit é mais do que um encontro de pessoas que têm aventuras para compartilhar. Todos querem contribuir para um mundo melhor.

Segundo David Isserman, diretor do Conselho do Clube de Exploradores, curador do evento nos Açores, um dos objetivos da agremiação é preservar o planeta e trabalhar em prol da conservação. “Incentivamos estudos de campo em diferentes áreas, por meio de programas que visam financiar expedições que têm como objetivo a conservação do planeta”, enfatiza.

David Isserman, diretor do Conselho do Clube de Exploradores de Nova York, curador do evento nos Açores.
David Isserman, diretor do Conselho do Clube de Exploradores de Nova York, curador do evento nos Açores. © Luciana Quaresma

Esta edição do GLEX será uma viagem pela Terra, oceanos e cosmos, ao lado de exploradores como Nathalie Cabrol, astrobióloga e diretora do Instituto SETI; Christal Johnson, diretora de investimentos em tecnologia e investigação do Goddard Space flight Center da Nasa; Nina Lanza, cientista planetária; Chris Rainer, explorador e fotógrafo documental da National Geographic e muitos outros.

Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Lisboa

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