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Turquia inicia julgamento de presos em protestos após prisão de prefeito de Istambul

Dois tribunais turcos estão examinando nesta sexta-feira (18) o caso de 189 pessoas, acusadas ​​de participar de protestos proibidos após a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, em 19 de março. Ele é o principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan.


Manifestação de apoio ao prefeito de Istambul, Ekrem Imamoğlu, que aconteceu no dia 29 de março na capital turca.
 REUTERS – Umit Bektas

O pátio do tribunal de Istambul, onde ocorrem as duas audiências, estava movimentado na manhã desta sexta-feira, com a presença de estudantes que foram dar apoio a colegas, pais preocupados e uma forte presença policial.

“Queremos justiça para os nossos filhos! Nossos filhos deveriam estar na universidade, não na prisão!” disse Avni Gundogdu, cofundador de uma rede de solidariedade de pais.

Entre os acusados estão estudantes e oito repórteres, incluindo um fotojornalista da AFP. Inicialmente, eles foram julgados ao lado dos outros 182 réus. Para o Ministério Público, não estava claro se eles estavam nas manifestações atuando como jornalistas.

“Jornalistas cobrem os protestos, eles são pagos para isso, estavam lá como jornalistas!”, argumentou o advogado Veysel Ok, obtendo, por fim, o encaminhamento do caso para uma audiência separada, ainda sem data definida.

Alguns dos acusados também estão sendo processados por porte de armas, ocultação de rosto ou até mesmo incitação à prática de crimes, por meio de mensagens postadas nas redes sociais incentivando as pessoas a irem se manifestar.

As autoridades turcas, diante de uma revolta de escala sem precedentes desde o grande movimento Gezi que começou na Praça Taksim em 2013, proibiram temporariamente todas as manifestações em Istambul, Ancara e Izmir, as três principais cidades do país, após a prisão do prefeito Imamoglu.

Centenas de protestos

No total, 819 pessoas estão sendo processadas por relação com os protestos, anunciou o Ministério Público de Istambul no início de abril.

Em nota, a ONG Human Rights Watch denunciou a “flagrante falta de provas” nos casos examinados na sexta-feira. “O objetivo desses julgamentos apressados é enviar um alerta contra o exercício do direito ao protesto pacífico e à liberdade de expressão”, disse Hugh Williamson, diretor para a Europa e Ásia Central.

As grandes manifestações da primeira semana, onde turcos de todas as idades saíram às ruas todas as noites em dezenas de cidades, foram desaceleradas pelos feriados do fim do Ramadã.

Os protestos já duram uma semana e meia, mas agora envolvem principalmente estudantes de universidades em Istambul e Ancara e, nos últimos dias, estudantes do ensino médio de dezenas de instituições em todo o país.

Com informações da AFP

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