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Grupo do Catar dono do PSG quer comprar Stade de France, mas transação é enquadrada pela prefeitura de Paris


Vista aérea mostra o Stade de France em Saint-Denis, ao norte de Paris, em 25 de maio de 2022.
 AFP – COLIN BERTIER

Quem comprará ou operará o Stade de France a partir de meados de 2025? Desde que a licitação foi lançada, apenas os proprietários do PSG manifestaram oficialmente interesse em comprar o estádio, que pertence ao Estado. Os candidatos interessados tinham até o meio-dia desta quinta-feira (27) para responder a essa primeira oferta.

O Estado francês lançou dois procedimentos paralelos: um para a venda do estádio de 80.000 lugares, e outro para a renovação da concessão concedida em 1995 ao consórcio Vinci-Bouygues (2/3 e 1/3, respectivamente), os dois grupos que construíram o estádio para a Copa do Mundo de 1998. São admitidos no máximo quatro candidatos por procedimento.

Os candidatos sérios receberão um “arquivo de consulta” detalhado e terão que apresentar uma oferta em setembro.

O único candidato que se apresentou até o momento, em um cenário de conflito aberto com a prefeitura de Paris sobre a venda do Parc des Princes, é o proprietário do PSG, o fundo Qatari QSI (Qatar Sports Investments), que apresentou sua proposta nesta quinta-feira (27).

A ministra francesa dos Esportes, Amelie Oudéa-Castéra, foi questionada sobre a possibilidade do icônico estádio francês (onde a seleção do país venceu a primeira Copa do Mundo de sua história) ser propriedade de estrangeiros.

Se “houver um investidor que atenda às condições de proteção – que, no contexto de uma transferência, seriam, de qualquer forma, estabelecidas por lei – ou se esse investidor estrangeiro participar de um grupo de operadores, não há razão para descartar essa possibilidade a priori e em princípio”, disse ela ao Senado. Se o estádio fosse vendido, seria de fato necessária uma lei para regulamentar a transferência.

Por enquanto, o Estado não planeja dizer mais nada sobre a identidade dos possíveis candidatos. A Federação Internacional de Futebol (Fifa) negou que esteja interessada, e a UEFA não comentou.

De acordo com uma fonte próxima ao assunto, o Stade de France valeria “entre € 400 e € 600 milhões”.

O Estado francês não deu nenhuma indicação do preço, mas o estádio está avaliado em € 647 milhões (valor bruto) em ativos tangíveis nas contas de 2021. De acordo com o consórcio, o estádio tem operado em um nível de “equilíbrio ou ligeiramente lucrativo”, desde 2013.

Obras planejadas

O licitante vencedor terá que realizar um grande programa de obras, pois o estádio precisa de uma reforma. Ele foi apenas “polido” em preparação para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024, incluindo obras no sistema de iluminação. A preparação para os Jogos tornará o estádio inviável a partir de dezembro de 2023 (os jogos da seleção francesa em casa no próximo Torneio das Seis Nações serão transferidos) e o valor da indenização está sendo muito debatido, segundo fontes.

Se o PSG se tornasse o proprietário do Stade de France, ele planejaria “rebaixar e aproximar as arquibancadas” do campo, reduzindo sua capacidade de 80.000 para 70.000 pessoas, de acordo com uma fonte do clube. Também estão previstas obras no telhado.

O Estado quer que o estádio possa receber shows e jogos de futebol e rúgbi, como acontece atualmente. O novo proprietário (ou concessionário) também será responsável pela infraestrutura auxiliar, como a “supervisão e manutenção” da passarela construída sobre a estrada A1 para ligar o estádio ao Centro Aquático Olímpico (OAC).

As federações de futebol e rúgbi, que consideram que os contratos que as vinculam ao consórcio são desfavoráveis para elas, parecem permanecer à margem por enquanto. Elas poderiam participar de um projeto em uma etapa posterior.

Em um relatório sobre os Jogos Olímpicos publicado em janeiro, o Tribunal de Contas expressou preocupação com o fato de o Estado não ter iniciado o procedimento antes. Diante da possibilidade de uma licitação ainda este semestre, o Tribunal considerou que “esse cronograma é o mais desfavorável para o Estado que, como em 1995, se encontrará sob pressão tanto dos candidatos quanto das federações esportivas”.

O novo proprietário ou concessionário provavelmente não será conhecido antes de 2025.

Prioridade do PSG

O Parc des Princes continua sendo a prioridade número um do Paris Saint-Germain, que quer comprar seu estádio histórico antes de iniciar grandes obras. Mas o clube ainda está enfrentando uma recusa de venda por parte da prefeitura de Paris.

De acordo com uma fonte do clube, a outra opção é a construção de um novo estádio, seja perto de Paris (o Hipódromo de Saint-Cloud) ou mais longe, em direção a Poissy, próximo centro de treinamento.

O PSG diz que quer ampliar e reformar o Parc des Princes, estimado em € 500 milhões, para aumentar sua capacidade de 47.000 para 58.000 pessoas.

Os proprietários do clube no Catar acreditam que essa obra só seria possível se o PSG comprasse o estádio. Mas, por enquanto, o Conselho Municipal de Paris está se recusando a permitir isso.

Prefeitura é contra

“É verdade que, no modelo econômico dos grandes clubes, quase todos são proprietários de seus estádios”, explicou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, à RFI nesta quinta-feira.

Mas “estamos em um país onde o Estado de direito funciona, então há procedimentos. Há também preços que devem ser definidos e que devem corresponder à propriedade. No final de todo um processo em que discutimos e tentamos avaliar qual poderia ser o preço do Parc des Princes, fomos informados de que o clube havia oferecido € 38 milhões…”, continuou ela. Uma oferta “ridícula”, de acordo com a prefeita.

“Acho que eles não deixarão” o Parc des Princes, enfatizou Hidalgo. “Ficamos surpresos com as posições que tomaram, mas gostaríamos de retomar as discussões”.

Por sua vez, o clube diz que voltará à mesa de discussões, “somente se voltar a ideia de vender”, porque “como qualquer clube de futebol no cenário europeu, precisamos ser donos do estádio” e sua “prioridade” continua sendo o Parc des Princes.

Essas palavras tranquilizaram os torcedores do PSG, que querem permanecer no histórico estádio. Uma faixa foi colocada perto do local : “O PSG nasceu em Saint-Germain, cresceu no Parc des Princes, morreu sob o QSI [Qatar Sports Investments] e está enterrado no Stade de France“.

(Com AFP e RFI)

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