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MP faz operação contra supostas irregularidades no repasse de verba para eventos esportivos

A ação investiga crimes de uso de documento falso, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem. Desvio seria de R$ 137 milhões

Breno Esaki/Metrópoles

Uma operação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) cumpriu 30 mandados de busca e apreensão contra possíveis fraudes em repasses da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) do DF para eventos esportivos. Agentes do Departamento de Combate à Corrupção, da Polícia Civil (PCDF), e do Gaeco de Goiás apoiaram a operação.

O principal alvo da Operação Armlock é o presidente da Federação Brasiliense de Jiu-Jítsu (FBJJD), Francisco Santoro, conhecido como Kiko. Faixa preta na arte marcial, ele foi campeão brasileiro, sul-americano e mundial e é funcionário comissionado da Secretaria de Fazenda do DF e integrante do Conselho de Administração do Fundo de Apoio ao Esporte (Confae). O Metrópoles não conseguiu contato com o investigado. O espaço segue aberto.

Iniciada em 2021, a investigação apura um esquema que simulava eventos esportivos que jamais ocorriam, mas cujo dinheiro era empenhado. O suposto desvio seria de R$ 137,4 milhões.

Segundo o MPDFT, a ação é fruto de aprofundadas investigações desenvolvidas após comunicação remetida pelo Ministério Público de Contas sobre “anormal e significativo aumento de Termos de Fomento” firmados com entidades de sociedade civil, principalmente a Associação Centro-Oeste de Jiu-Jítsu (COJJ).

A investigação apontou que a entidade, com sede e dirigentes fixados na cidade de Goiânia (GO), nem sequer tinha estrutura física declarada, mas, a pretexto da realização de campeonatos de artes marciais no Distrito Federal, recebeu boa parte da verba pública. Os promotores constataram ainda ausência de comprovação da execução de qualquer dos projetos acordados.

As apurações apontam para a utilização da associação, em tese sem fins lucrativos, como fachada para que os recursos públicos fossem desviados em favor dos investigados e para eventos de cunho privados promovidos pela FBJJD e por seu presidente, Kiko.

“Fortes elementos indicam a utilização, por parte de Francisco Santoro, do facilitado acesso aos bastidores da SEL/DF decorrente do cargo de membro do Confae [Conselho de Administração do Fundo de Apoio ao Esporte], tudo para promover o encaminhamento e concretização das parcerias entre a Secretaria e a Associação Centro-Oeste de Jiu-Jítsu”, acrescenta o MPDFT.

Outras pessoas físicas e jurídicas privadas atuaram no esquema, segundo a Promotoria, dentre elas, Juliano Leiro Silva, que figura como “laranja” no registro da FBJJD, e Rodrigo de Castro Ribeiro, presidente da COJJ. Morador de Goiânia, Ribeiro possui estreitos laços com Kiko e com a FBJJD, chegando a registrar em rede social ser “Diretor de Eventos da FBJJD”. A reportagem não localizou Silva nem Ribeiro. O espaço segue aberto.

Foram cumpridos mandados de busca na Secretaria de Esportes e no 10º andar do anexo do Palácio do Buriti, onde funciona a Secretaria de Fazenda. As pastas não se posicionaram até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto.

A sede da federação, que fica em Águas Claras, também é alvo de buscas. O MP também cumpre mandados em Goiânia.

A ação investiga crimes de uso de documento falso, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Metrópoles

 

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