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Reunião de líderes europeus pela Ucrânia termina em Paris sem declaração oficial conjunta

Os líderes dos principais países europeus realizaram uma reunião de crise na segunda-feira (17) em Paris para mostrar uma frente unida, após o anúncio de uma reunião entre representantes americanos e russos na Arábia Saudita. Os países do bloco mostram um certo acordo sobre a necessidade de aumentar os investimentos em defesa, mas também divisões sobre o envio de tropas de manutenção da paz para a Ucrânia.


Líderes da União Europeia reunidos no Palácio do Eliseu, em Paris, em 17 de fevereiro de 2025
 © Bundeskanzler Olaf Scholz / Х

A reunião durou mais de três horas e terminou sem uma declaração conjunta oficial. A maioria dos líderes deixou o palácio do Eliseu sem falar com jornalistas.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse, ao sair do encontro, que a Europa e os Estados Unidos devem “sempre agir juntos” pela segurança coletiva.

Donald Trump causou preocupação entre seus aliados europeus ao falar por telefone, na semana passada, com Vladimir Putin, levantando a ameaça de que a Europa permaneceria como espectador de uma negociação individual para encerrar três anos de guerra na Ucrânia. Principalmente porque o enviado americano Keith Kellogg indicou claramente que Washington não queria os europeus na mesa de negociações.

Em reação, o presidente francês Emmanuel Macron convocou às pressas a minicúpula informal com uma dúzia de líderes de países europeus, da União Europeia e da Otan, incluindo o britânico Keir Starmer, o polonês Donald Tusk e a italiana Giorgia Meloni.

Pouco antes de recebê-los, o líder francês falou por cerca de vinte minutos ao telefone com Donald Trump, de acordo com sua comitiva, que não especificou o conteúdo dessa troca.

“A segurança da Europa vive um momento decisivo”, alertou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no X antes da reunião. “Precisamos de um estado de urgência” e “de um reforço na nossa defesa”.

“Não seremos capazes de ajudar efetivamente a Ucrânia se não tomarmos imediatamente medidas concretas em relação às nossas próprias capacidades de defesa”, acrescentou Donald Tusk antes da reunião de Paris.

No final do encontro, Olaf Scholz também pediu maior “financiamento” desse esforço, desviando-se das rígidas regras orçamentárias da Alemanha.

Envio de tropas para a Ucrânia

Mas além deste acordo para impulsionar o esforço de defesa continental, os europeus têm dificuldade de se entender publicamente sobre outra questão, a do envio de soldados à Ucrânia para garantir uma possível trégua futura. O assunto, no entanto, está no centro das “garantias de segurança” que se comprometeram a fornecer a Kiev nas negociações com Moscou.

O primeiro-ministro britânico, que irá se encontrar com Donald Trump em Washington na próxima semana e gostaria de desempenhar um papel de facilitador entre os Estados Unidos e os europeus, disse no domingo que estava pronto para enviar tropas à Ucrânia “se necessário” para “contribuir para as garantias de segurança”.

A Suécia também disse na segunda-feira que “não descarta” tal mobilização no caso de uma “paz justa e duradoura”.

Este debate é “altamente inapropriado” e “prematuro”, protestou o chanceler alemão, “um pouco irritado” por vê-lo surgir agora. Donald Tusk, um forte apoiador de Kiev, também disse que a Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia, não enviaria tropas.

De forma mais ampla, a Hungria de Viktor Orbán, próxima de Moscou e do presidente americano, mas não convidada para Paris, criticou duramente “líderes europeus frustrados, pró-guerra e anti-Trump” que “estão se unindo para impedir um acordo de paz na Ucrânia”.

A reunião no Palácio do Eliseu ocorreu um dia após uma conferência de segurança em Munique, na Alemanha, onde o discurso hostil do vice-presidente americano, JD Vance, contra os aliados dos EUA surpreendeu os europeus.

A cúpula improvisada inaugura um balé diplomático que continuará com as conversas inéditas entre EUA e Rússia, planejadas para terça-feira na Arábia Saudita. Elas envolverão particularmente “possíveis negociações sobre a Ucrânia”, de acordo com o Kremlin, mesmo que a diplomacia americana tenha minimizado o escopo ao garantir que não seria o início de uma “negociação”.

Mas o encontro que todos agora esperam, e muitos temem, é o que deve acontecer “muito em breve”, segundo a Casa Branca, entre Trump e Putin.

(Com AFP)

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