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Faixa de Gaza aguarda primeiro navio com ajuda humanitária por via marítima


A associação humanitária norte-americana World Central Kitchen indicou na sexta-feira que estaria carregando ajuda para Larnaca no navio Open Arms, da organização humanitária espanhola com o mesmo nome (Imagem ilustrativa).
 REUTERS/Guglielmo Mangiapane

Depois de pouco mais de cinco meses de guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino, a situação humanitária desastrosa no território levou diversos países árabes e ocidentais, como os Estados Unidos e a França, a realizarem na sexta-feira (8) novos lançamentos aéreos de alimentos e medicamentos.

Mas a queda de alguns pacotes lançados por aviões na Cidade de Gaza acabou matando cinco pessoas na sexta-feira e ferindo dez, de acordo com uma fonte da área da Saúde do Hamas. Os exércitos jordaniano e americano afirmaram que nenhuma das suas aeronaves esteve na origem da tragédia. Bélgica, Egito, França e Países Baixos também realizam entregas de ajuda a territórios sitiados por Israel.

Confrontada com a insuficiência da ajuda terrestre, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse sexta-feira em Chipre que espera a abertura no domingo (10) de um corredor marítimo que permita a entrega de assistência humanitária a partir da ilha mediterrânica, localizada a cerca de 370 quilômetros de Gaza.

Este anúncio acontece em seguida ao do presidente dos EUA, Joe Biden, na quinta-feira (7), sobre uma grande operação humanitária por mar, envolvendo a construção de um “cais temporário” em Gaza para permitir a chegada de “ajuda massiva”.

O Pentágono informou que a construção da estrutura levaria até 60 dias e provavelmente envolveria mais de mil soldados. O porto temporário “poderia fornecer mais de 2 milhões de refeições por dia aos cidadãos de Gaza”, detalhou seu porta-voz, Pat Ryder.

Pressão sobre Israel

Biden declarou na sexta-feira que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve permitir que mais ajuda humanitária chegue à Gaza. Os Estados Unidos colocam pressão crescente sobre Israel, seu aliado, que sitia o território palestino desde 9 de outubro e só permite a entrada de caminhões de ajuda do Egito – cuja fronteira também está fechada.

Para a ONU, 2,2 dos 2,4 milhões de habitantes deste território cercado, atingido por uma escassez significativa de água e alimentos, estão ameaçados de fome, e 1,7 milhão foram deslocados devido aos combates e à violência.

A ONU alerta que uma “fome generalizada é quase inevitável” em Gaza e que os lançamentos aéreos, assim como o envio de ajuda por mar, não podem substituir a rota terrestre.

A associação humanitária norte-americana World Central Kitchen indicou na sexta-feira que estaria carregando ajuda para Larnaca no navio Open Arms, da organização humanitária espanhola com o mesmo nome.

“Nosso navio está se preparando para partir, carregado com toneladas de alimentos, água e suprimentos vitais para os civis palestinos”, informou Open Arms no X.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, pelo menos 23 civis morreram de desnutrição e desidratação em Gaza, após a morte de mais três crianças.

Rafah

Cinco meses depois do início de uma guerra devastadora, desencadeada em 7 de outubro por um violento ataque do Hamas contra Israel, os bombardeios israelenses em Gaza não deram trégua: os corpos das 70 pessoas mortas em ataques realizados durante a madrugada de sexta-feira para sábado em todo o enclave foram levados para hospitais, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.

O gabinete de Comunicação Social do governo do Hamas relatou mais de 30 ataques durante toda a noite, incluindo um contra um edifício residencial na cidade de Rafah, onde cerca de 200 pessoas se refugiavam.

As operações israelenses na Faixa de Gaza deixaram pelo menos 30.960 mortos em Gaza desde o início da guerra, afirmam autoridades do movimento islâmico.

A Faixa de Gaza, já sujeita a um bloqueio israelense desde que o Hamas assumiu o poder em 2007, faz fronteira com Israel, o Egito e o Mar Mediterrâneo.

“Nenhuma concessão”

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na sexta-feira que cabe ao Hamas concordar com uma trégua com Israel. O braço militar do grupo reagiu respondendo que não faria “nenhuma concessão” nas suas exigências de paz, em um cessar-fogo definitivo e na retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza em troca de qualquer acordo sobre a libertação dos reféns.

No final do dia, o presidente Biden declarou que seria “difícil” conseguir um cessar-fogo antes do início do mês de jejum muçulmano do Ramadã, um objetivo que se tentou alcançar esta semana no Cairo entre os países mediadores (Egito, Catar e Estados Unidos) e o Hamas.

A guerra iniciou após o ataque de escala sem precedentes por parte do Hamas contra Israel, que resultou na morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria delas civis, de acordo com uma contagem da AFP estabelecida a partir de fontes oficiais.

Cerca de 250 pessoas também foram sequestradas e levadas para Gaza e 130 reféns ainda estão detidos no território, dos quais 31 estariam mortos, afirma Israel.

Em resposta, Israel prometeu aniquilar o Hamas, considerado por Tel Aviv como uma organização terrorista – posição compartilhada pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Para alcançar a “vitória total”, Israel afirma estar preparando uma ofensiva terrestre em Rafah, na fronteira egípcia, onde cerca de 1,5 milhão de palestinos estão concentrados, de acordo com a ONU.

O exército israelense declarou no sábado que realizou ataques direcionados na sexta-feira em toda a Faixa de Gaza e matou mais de 20 combatentes no setor Khan Younes (sul), onde as operações israelenses se concentraram nas últimas semanas.

(Com informações da AFP)

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