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Israel anuncia tomada do porto de Gaza e mantém operação no hospital Al-Shifa

O Exército israelense anunciou, nesta quinta-feira (16), a tomada do porto de Gaza e mantém as tropas mobilizadas no hospital Al-Shifa, o principal do território, apesar das críticas internacionais.


Prédios destruídos após ataque em Gaza
 AP – Leo Correa

O Exército israelense anunciou que assumiu o “controle operacional” do porto da cidade de Gaza, no norte do território palestino, e acusa o movimento Hamas de utilizá-lo “como centro de treinamento para suas forças de comando naval, a fim de planejar e executar ataques terroristas”.

O porto de Gaza é pequeno e limitado às atividades de pesca, devido ao bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde que o Hamas assumiu o poder no território palestino, em 2007. As tropas israelenses já tomaram o Parlamento, os edifícios do governo e da polícia militar em Gaza – todos “vazios”, segundo o movimento islâmico palestino.

O Exército também confirmou nesta quinta-feira que suas tropas continuam mobilizadas nas instalações do hospital Al-Shifa, onde a ONU estima que há 2.300 pessoas, e que encontrou imagens “relacionadas aos reféns” levados pelo Hamas no início da guerra, em 7 de outubro.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que Israel “destruiu o serviço de radiologia” do hospital e danificou os serviços de tratamento de queimaduras e diálise. Na quarta-feira, Israel lançou o que chamou de “operação seletiva” no estabelecimento, onde afirma que o Hamas – considerado uma “organização terrorista” por Estados Unidos, União Europeia e Israel – tem uma base militar.

Exército israelense disse ter encontrado “munições, armas e equipamento militar” do Hamas no hospital e publicou imagens do material. O Ministério da Saúde do Hamas negou a acusação, afirmando que a posse de armas em hospitais da sua rede “não é autorizada”. A AFP não pôde confirmar de forma independente as afirmações de nenhum dos lados.

Em 7 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa no sul de Israel no qual morreram 1.200 pessoas e outras 240 foram feitas reféns, segundo as autoridades israelenses. Em resposta, Israel prometeu destruir o movimento islâmico palestino, bombardeando diariamente a Faixa de Gaza e colocando-a sob cerco total.

A ofensiva já deixou mais de 11.500 palestinos mortos, incluindo mais de 4.700 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Segundo a mesma fonte, várias dezenas de pessoas morreram em bombardeios noturnos israelenses em Gaza, incluindo nove civis em um ataque a um posto de gasolina no acampamento de refugiados de Nuseirat (centro).

Pausas humanitárias

Pela primeira vez desde o início da guerra, o Conselho de Segurança da ONU conseguiu aprovar uma resolução que pede “pausas humanitárias e corredores humanitários urgentes” que permitam a chegada da ajuda à Faixa de Gaza.

Conforme o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), 1,65 milhão de pessoas – dois terços da população – foram forçadas a fugir de suas casas, devido ao conflito. O ataque das tropas israelenses ao hospital Al-Shifa gerou condenação internacional e apelos à proteção dos civis palestinos.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu nesta quinta-feira uma investigação internacional após as “acusações extremamente graves” de violações do direito internacional, “independentemente de quem as cometa”. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ao seu aliado que seja “extremamente cuidadoso” na operação dentro do hospital.

Esperança para reféns

Enquanto isso, as famílias dos 240 reféns detidos pelo Hamas exigem um acordo imediato do governo de Benjamin Netanyahu para sua libertação e, na terça-feira, iniciaram uma marcha em Tel Aviv até o gabinete do primeiro-ministro, em Jerusalém.

Biden afirmou estar “esperançoso” de que haja um “resultado positivo” nas negociações para a libertação dos reféns, mediada pelo Catar.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, exigiu a “libertação imediata” dos sequestrados durante uma visita ao kibutz Beeri, onde pelo menos 85 pessoas morreram nas mãos de combatentes do Hamas, e cerca de 30 foram raptadas.

Borrell também pediu a Israel “que não se deixe consumir pelo ódio”. A guerra também gerou uma situação “potencialmente explosiva” na Cisjordânia ocupada, alertou Volker Türk, com a intensificação das operações de busca e incursões do Exército israelense, que afirma estar respondendo a um “aumento significativo dos ataques terroristas” desde 7 de outubro.

Mais de 190 palestinos morreram nas mãos de colonos e de soldados israelenses desde aquele dia. A polícia israelense anunciou, nesta quinta-feira, que matou três agressores, após um “tiroteio” perto de um posto de controle de segurança que liga Jerusalém à Cisjordânia.

Com informações da AFP

 

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