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Nigerianos vão às urnas escolher presidente em eleição sob forte tensão


Um funcionário da Comissão Eleitoral Nacional Independente da Nigéria prepara cartazes informativos antes da abertura das seções eleitorais em Maiduguri, em 25 de fevereiro de 2023.
© Audu Marte / AFP

Os nigerianos começaram a votar na manhã deste sábado (25) para eleger o próximo presidente do país mais populoso da África, em uma votação apertada com três favoritos entre os 18 candidatos. Uma situação inédita em mais de duas décadas de retorno à democracia.

Depois de dois mandatos marcados por uma explosão de insegurança e pobreza neste país onde 60% da população tem menos de 25 anos, o presidente Muhammadu Buhari, de 80 anos, renuncia por força da Constituição.

Pela primeira vez desde o retorno à democracia, em 1999, a popularidade de um candidato menos previsível está abalando a predominância dos dois principais partidos, e a Nigéria pode ter uma eleição presidencial em dois turnos.

“Há muita pressão para escolher este ano”, declarou Osaki Briggs, um fotógrafo de 25 anos que se apresentou em Port Harcourt (sudeste) para votar com sua esposa. “Sabemos como as eleições geralmente acontecem e desta vez nos prometeram que seriam livres e justas, então nossas expectativas são maiores. Esperamos não ficar desapontados.”

Mais de 87 milhões de eleitores são chamados em 176 mil seções eleitorais para escolher um presidente, além de deputados e senadores. Nenhum incidente grave havia sido relatado no início do dia. Mas em muitos lugares, como Lagos (sudoeste) ou Kano (norte), o início da votação apresentou atrasos.

Favoritos

O candidato do partido no poder (APC), Bola Tinubu, de 70 anos, votou na manhã deste sábado no seu reduto de Lagos, onde foi recebido por uma multidão e um impressionante dispositivo de segurança.

O ex-governador (1999-2007) é apelidado de “padrinhjiho” por causa de sua influência política. Iorubá de fé muçulmana, ele afirma ser o único que pode endireitar a Nigéria e já avisou: desta vez, “chegou a minha vez” de governar.

Mas nada é certo contra seus dois principais adversários. Aos 76 anos, o ex-vice-presidente Atiku Abubakar, da oposição (PDP, no poder de 1999 a 2015), vai concorrer à presidência pela sexta vez. Originário do norte do país e muçulmano, ele espera conquistar muitos votos em sua região.

Dia de votação na Nigéria, no distrito densamente povoado e popular de Kwanar Diso Gwale, no centro de Kano, em 25 de fevereiro de 2023.
Dia de votação na Nigéria, no distrito densamente povoado e popular de Kwanar Diso Gwale, no centro de Kano, em 25 de fevereiro de 2023. © Amélie Tulet/RFI

O voto étnico e religioso é importante em um país com mais de 250 etnias, polarizado entre um norte predominantemente muçulmano e um sul predominantemente cristão.

O outro candidato que figura entre os favoritos é o ex-governador de Anambra (sudeste) Peter Obi, um cristão de 61 anos, apoiado pelo pequeno Partido Trabalhista (LP) e muito popular entre os jovens.

“Estou convidando as pessoas a votarem. Não estou procurando emprego. Quero servir as pessoas… quero tirar as pessoas da pobreza”, afirmou Obi, caminhando pelas ruas de seu vilarejo natal, Amatutu.

Terceiro país mais populoso

Esta eleição é crucial. A Nigéria, com 216 milhões de habitantes, deve se tornar o terceiro país mais populoso do mundo até 2050, enquanto a África Ocidental está ameaçada por um forte declínio democrático e pela expansão da violência jihadista.

A principal economia do continente se tornou uma potência cultural global, graças em particular ao Afrobeats, um gênero musical que está conquistando o planeta com estrelas como Burna Boy e Wizkid.

Mas o futuro presidente herdará acima de tudo uma série de problemas: violência criminosa e jihadista no norte e no centro, agitação separatista no sudeste, inflação galopante, empobrecimento generalizado.

Para piorar a situação, a recente escassez de gasolina e cédulas da moeda local provocou tumultos. A situação é suficiente para inspirar um forte desejo de mudança entre muitos nigerianos.

“A Nigéria está uma grande bagunça. Precisamos de líderes competentes neste contexto”, revelou o pastor John Fashugba, 76, que considera esta eleição “a mais importante” que já conheceu.

Campanha violenta

Em todo o país, a campanha também foi marcada por ataques contra candidatos locais, ativistas, delegacias de polícia e escritórios da comissão eleitoral. “O risco de violência é uma preocupação real”, disse Sa’eed Husaini, do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD).

A identificação dos eleitores por reconhecimento facial e digital deve limitar as fraudes que marcaram as eleições anteriores, espera a Comissão Eleitoral. Assim como a transferência eletrônica de resultados. Mas o uso de novas tecnologias, sem precedentes em escala nacional, também gera temores de fracassos.

A participação, baixa nas eleições anteriores (33% em 2019), é outra incógnita.

A insegurança generalizada “pode ​​atrapalhar a votação”, também se preocupa o think tank International Crisis Group (ICG). Cerca de 400 mil membros das forças de segurança foram mobilizados.

Os resultados devem ser anunciados no prazo de 14 dias após o pleito.

(Com informações da AFP)

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