Na Rússia, Lula comemora derrota nazista ao lado de Putin e cumpre agenda no país
A Rússia comemora o 80º aniversário da derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial nesta sexta-feira (10), com um desfile militar e a presença de cerca de vinte chefes de Estado, entre eles o presidente Lula, que chegou a Moscou na quarta-feira (7).

O presidente russo, Vladimir Putin (dir.), cumprimenta o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, antes do desfile militar do Dia da Vitória em Moscou, em 9 de maio de 2025. O evento marca o 80º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. © AP – Alexei NikolskyAlexey Nikolsky / Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP
A agenda do presidente na capital russa nesta sexta-feira inclui a participação na cerimônia de oferenda floral no Túmulo do Soldado Desconhecido, no Jardim Alexander, perto da Muralha do Kremlin.
Em seguida, Lula participa de um almoço oferecido por Putin, com quem terá uma reunião no Kremlin por volta das 15h30 (horário local). O presidente se encontrará depois com o premiê eslovaco, Robert Fico, e à noite participará de um jantar oferecido em sua homenagem.
Além de Lula, dezenas de líderes da antiga União Soviética, África, Ásia e América Latina estão em Moscou e participaram do desfile na Praça Vermelha.
Durante seu discurso, o presidente russo disse que o país sempre se lembraria da contribuição dos aliados na vitória da Segunda Guerra Mundial. “Todo o país, a sociedade e o povo apoiam os participantes da operação militar especial” na Ucrânia, declarou Putin.
“Estamos orgulhosos de sua coragem e determinação, de sua força de espírito, que sempre nos trouxe a vitória”, acrescentou. Ele assegurou que a Rússia “foi e será uma barreira indestrutível contra o nazismo, a russofobia e o antissemitismo”.
O desfile contou com cerca de 11.000 soldados, incluindo 1.500 militares que combateram na Ucrânia, segundo a agência estatal TASS. Militares de 13 países também participaram da cerimônia, entre eles da China, do Vietnã, de Mianmar e do Egito. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, visitou a embaixada russa em Pyongyang com sua filha para marcar a ocasião, informou a mídia estatal, enquanto o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son Hui, reafirmou o apoio de Pyongyang a Moscou.

Para os russos – e muitas pessoas na antiga União Soviética – 9 de maio é a data mais importante do calendário.
O presidente russo acusa os países ocidentais de tentar minimizar o envolvimento soviético. A União Soviética perdeu 27 milhões de vidas durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo vários milhões na Ucrânia. O bloco empurrou as forças nazistas de volta a Berlim em 1945, onde Adolf Hitler cometeu suicídio enquanto a bandeira vermelha da vitória soviética era hasteada sobre o Reichstag.
O líder do Kremlin anunciou no mês passado um cessar-fogo de três dias no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, de 8 a 10 de maio, para marcar o 80º aniversário da vitória da União Soviética e seus aliados. A segurança foi reforçada em Moscou para as comemorações desta sexta-feira.

Ucrânia acusa Rússia
A Ucrânia acusou a Rússia de quebrar o cessar-fogo. Kiev não reconhece a trégua, preferindo um acordo de cessar-fogo de 30 dias. Já o governo russo disse que o Exército estava fazendo tudo para garantir a segurança do desfile. Moscou afirma que o Kremlin foi alvo de drones ucranianos em 2023.
A guerra na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro de 2022, é a mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Moscou e Kiev não publicam números precisos sobre o número de vítimas do conflito.
O presidente americano, Donald Trump, que vem tentando acabar com a guerra desde que voltou à Casa Branca, diz que centenas de milhares de soldados de ambos os lados foram mortos e feridos.
Em Kiev, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou o desfile em Moscou e pediu a seus aliados que o ajudem a resistir à Rússia, que agora controla cerca de um quinto da Ucrânia.
“Será um desfile de cinismo. Não há outra maneira de descrevê-lo. Um desfile de bile e mentiras”, disse Zelensky, conforme citado pelo Kyiv Post. “O mal não pode ser apaziguado. Temos que lutar contra isso.”
Alertas soaram durante a noite em partes do oeste da Rússia, mas não houve relatos de ataques a Moscou, que tem uma população de pelo menos 21 milhões de habitantes em sua região.
Com informações da Reuters e AFP