Na COP28, Sultan Al Jaber é pressionado por negociações difíceis sobre combustíveis fósseis
O presidente da COP28, o Sultan Al Jaber, dos Emirados Árabes Unidos, está sob pressão para mostrar avanços nas difíceis discussões sobre combustíveis fósseis esta quarta-feira (6), o último dia da primeira parte das negociações, que acontecem em Dubai.
“Temos um texto inicial sobre a mesa, mas é uma pilha de desejos cheios de posições”, advertiu Simon Stiell, secretário executivo da ONU para o Clima, na quarta-feira, numa curta coletiva de imprensa.
Os debates entre negociadores exaustos são complicados em Dubai, onde uma certa confusão reina na véspera da tradicional trégua nas negociações de quinta-feira (7).
Uma nova versão do texto em discussão visando um futuro acordo, votado teoricamente até 12 de dezembro, foi aguardada com ansiedade durante toda quarta-feira. Mas ao meio-dia já não havia certeza de que seria publicado.
“Esperamos que o presidente da COP se comporte como um mediador honesto e demonstre liderança”, exigiu a ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, cujo país está na presidência rotativa da União Europeia, chamando o Sultan Al Jaber às suas responsabilidades.
A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), por sua vez, pediu uma “aceleração urgente” das discussões. “Se falharmos, as consequências serão catastróficas”, disse o ministro samoano Cedric Schuster, que preside o grupo.
Petróleo, gás e carvão
A situação é “muito dinâmica”, resumiu um negociador na terça-feira (5) à noite, enquanto representantes de quase 200 países debatiam até muito tarde o principal ponto de desacordo do projeto final: o destino do petróleo, do gás e do carvão, responsáveis por dois terços do aquecimento global.
A Arábia Saudita voltou a se opor a qualquer menção aos combustíveis fósseis no texto. A China, a Índia e o grupo árabe pediram simplesmente que todo o parágrafo sobre energia fosse eliminado. Segundo participantes da reunião, o negociante saudita chegou a afirmar que não passaria pelo “trauma de explicar sua posição sobre a energia”. Já a Rússia pediu que o gás natural fosse reconhecido como “energia de transição”.
Mas ainda estão sobre a mesa de discussões várias opções, em particular o objetivo de uma “saída ordenada e justa dos combustíveis fósseis”. Na grande arte da diplomacia climática, o aparecimento desta nova formulação prenuncia um possível consenso que estabeleceria um objetivo universal, ao mesmo tempo, daria mais margem a certos países, dependendo do grau de desenvolvimento ou de dependência dos hidrocarbonetos.
Fim dos fósseis
A União Europeia quer que “esta COP marque o início do fim dos combustíveis fósseis”, repetiu quarta-feira o comissário europeu para o Clima, Wopke Hoekstra.
Mas esta opção é avaliada dentro das negociações em relação a uma possibilidade que tem força: não decidir nada sobre os combustíveis fósseis, um reflexo da oposição da Arábia Saudita e da China, segundo vários observadores que participam nas reuniões a portas fechadas.
Simon Stiell pediu “separação do joio e do trigo” no texto, pressionando os países para fazer um texto significativo.
“Os adultos devem comportar-se como adultos”, disse John Kerry, enviado americano, que chegou na semana passada e que, como muitos negociadores, dá sinais de cansaço.
A noite de quarta-feira promete ser longa, com todos os participantes à espera de uma grande reunião plenária no final do dia, para fazer um balanço formal da primeira semana de trabalho.
Antes de um dia de descanso na quinta-feira e da chegada neste fim de semana de ministros, que deveriam recuperar o controle político para a reta final. “Teremos muito com que nos divertir na próxima semana”, brincou John Kerry.
Enquanto isso, a mudança climática não espera. O Observatório Europeu Copernicus confirmou que 2023 será o “mais quente” de toda história.
(Com informações da AFP)