Câmara em Foco

Lula diz que embargo econômico a Cuba é ‘ilegal’ e defende que países ricos financiem clima

Presidente discursou na reunião de líderes do G77, grupo de países em desenvolvimento. 'Não temos a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global', disse

O presidente Lula durante discurso na cúpula de países do G77 em Havana, Cuba — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste sábado (16) o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba. Ele também rechaçou a inclusão do país, pelos norte-americanos, na lista das nações que não colaboram completamente contra o terrorismo.

Lula ainda cobrou, das nações mais ricas, investimentos no financiamento de ações para combater o desequilíbrio climático no planeta

Lula deu as declarações durante discurso na reunião de líderes do G77 e China, realizada em Havana, capital de Cuba.

O G77 reúne países em desenvolvimento que integram o sistema das Nações Unidas (ONU). A China também enviou representante para o encontro.

“É de especial significado que, neste momento de grandes transformações geopolíticas, esta cúpula seja realizada aqui em Havana. Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo”, afirmou o presidente.

Lula deu as declarações logo no início do pronunciamento, após saudar o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e o povo cubano “pela hospitalidade”.

O embargo econômico a que Lula se referiu no discurso é imposto pelos Estados Unidos há mais de 60 anos e não tem perspectiva de suspensão.

A entrada em vigor do embargo, em 7 de fevereiro de 1962, foi parte de uma série de medidas tomadas pelos norte-americanos contra o regime cubano no período da Guerra Fria.

Mais recentemente, em 2022, os Estados Unidos, país presidido por Joe Biden, colocou Cuba mais uma vez na lista de países que os norte-americanos consideram que “não colaboram completamente” na luta contra o terrorismo. A inclusão acentuou a crise entre Cuba e Estados Unidos.

Lula em pronunciamento na reunião de líderes do G77, em Cuba — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Lula em pronunciamento na reunião de líderes do G77, em Cuba — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Meio ambiente

Lula defendeu também investimentos em transição energética e cobrou financiamento, por parte das nações mais ricas, de ações para a preservação do meio ambiente.

Em uma crítica aos países ricos, Lula afirmou que os países em desenvolvimento não têm “a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global”.

“O financiamento climático tem que ter assegurado a todos os países em desenvolvimento, segundo suas necessidades e suas prioridades”, afirmou o presidente brasileiro.

“Será necessário insistir na implementação dos compromissos nunca cumpridos pelos países ricos”, acrescentou o petista.

Plataformas digitais

No discurso, o petista também defendeu a regulamentação de plataformas digitais para o enfrentamento de conteúdos antidemocráticos e da disseminação de discursos de ódio.

“O projeto de diretrizes globais para regulamentação de plataformas digitais, da Unesco, equilibra a liberdade de expressão e o acesso à informação com a necessidade de coibir a disseminação de conteúdos que contrariam a lei, ou ameaçam a democracia e os direitos humanos”, declarou o presidente.

Ainda sobre o setor de tecnologia, Lula afirmou que multinacionais possuem modelos de negócio que “acentuam a concentração de riquezas, desrespeitam leis trabalhistas e, muitas vezes, alimentam a violação de direitos humanos e fomentam o extremismo”.

“Corremos riscos que vão da perda de privacidade ao uso de armas autônomas, passando pelo viés racista de muitos algoritmos”, disse Lula.

G1.Globo 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo