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Chuvas no RS causam inundação histórica em Porto Alegre e geram onda de solidariedade nacional

Enchentes deixam cenário de terra arrasada no Rio Grande do sul e risco de rompimento de barragens aumenta insegurança de moradores. Previsão do tempo mostra que outras localidades do sul do país podem sofrer também com a chuva no fim de semana


Imagem aérea mostra veículos submersos pela lama em Encantado, no Rio Grande do Sul. (03/05/2024)
 REUTERS – Diego Vara

Casas inteiras arrastadas pela enxurrada, pontes e rodovias destruídas, veículos submersos. Em algumas regiões de Porto Alegre, como no centro, não se consegue ver a cor do asfalto, mas o marrom da água barrenta que subiu e não escorre. A cheia do lago Guaíba ultrapassou a marca de 1941 e bateu o recorde histórico em 2024.

O desespero maior é ver a luta de quem sobe em carros ou na parte mais alta da casa para não ser levado pelas águas, os regastes difíceis, pessoas e animais sem forças para vencer a correnteza, e o número de mortos e desaparecidos que não para de subir. O governo gaúcho monitora quatro barragens com risco de rompimento. A situação crítica de uma delas, em Bento Gonçalves, levou à remoção de famílias que moravam na região.

Acesso a Porto Alegre está debaixo d'água com a cheia histórica do lago Guaíba. (03/05/2024)
Acesso a Porto Alegre está debaixo d’água com a cheia histórica do lago Guaíba. (03/05/2024) AP – Carlos Macedo

Em setembro passado, o Rio Grande do Sul já havia enfrentado tragédia semelhante. Agora, a previsão do tempo aponta que a chuva pode vir com intensidade forte também na vizinha Santa Catarina.

Solidariedade vem de todo o Brasil

A situação dramática assistida no sul do país escancara que o Brasil não sabe como reagir nem se preparar frente a dramas cada vez mais presentes: os eventos extremos advindos das mudanças climáticas.

Em meio às cenas desalentadoras dos últimos dias, no jogo político o empurra-empurra das responsabilidades e a briga para ver quem será protagonista em meio ao caos esta a pleno vapor. Mas nas redes sociais, imperam os apelos de solidariedade. Mutirões de arrecadação de recursos divulgam números de Pix na internet, o que também reforça o alerta de autoridades para que a ajuda seja feita por meio de entidades conhecidas. Água, comida, roupa, colchão – muita gente vai precisar recomeçar do zero.

“Estamos aqui para pedir a ajuda de todos vocês para o povo lá do Rio Grande do Sul, que está passando um momento muito difícil. É nessas horas que a gente tem que se unir e eu tenho certeza que o povo brasileiro vai ajudar bastante”, pediu a jogadora de futebol Marta, reforçando o coro de atletas, clubes de futebol, artistas, políticos e de gente comum que tem se mobilizado nas redes sociais.

Muitos estados têm ajudado com equipamentos e pessoal, a exemplo da Bahia, que em 2021 sofreu com fortes chuvas e nessa sexta-feira embarcou 26 servidores, entre bombeiros e agentes de saúde, para auxiliar as autoridades gaúchas. O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais é outro exemplo, com 28 profissionais e dois cães farejadores enviados ao Rio Grande do Sul.

 

“A equipe é composta por militares que possuem larga experiência pela atuação em diversas missões, como as operações envolvendo o rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho”, disse o coronel mineiro Erlon Dias.

A principal ajuda até agora vem das Forças Armadas, com mais de 600 integrantes atuando na região, além de embarcações e aeronaves de resgate. A Força Nacional, sob comando do Ministério da Justiça, também somará esforços nesse trabalho, com o envio de cem pessoas. Um dos desafios é alcançar cidades ilhadas pela destruição dos pontos de acesso.

Concurso nacional é adiado

A tragédia gaúcha levou o governo federal a adiar o Concurso Público Nacional Unificado, que seria aplicado neste domingo e tem mais de 2s milhões de inscritos em todo o país. A ministra da Gestão, Esther Dweck afirmou que a decisão foca na preservação física dos candidatos e de quem atuaria na organização da prova, além da segurança jurídica do exame.

Dweck avalia que a segurança e lisura do processo poderiam ficar comprometidas, já que as forças que atuariam no concurso no Rio Grande do Sul estão focadas na ajuda às vítimas da enchente. “A gente está numa situação de agravamento sem precedentes, e a gente chegou à conclusão que a solução mais segura para todos os candidatos é o adiamento. Claro que isso é mais claro para quem está envolvido na tragédia, não há dúvida quanto a isso, mas a gente queria reforçar que essa é a solução mais segura para todos os candidatos no Brasil inteiro, para se ter uma prova em condição igual para todos, com um respaldo jurídico”, justificou a ministra.

Raquel Miura, correspondente da RFI Brasil em Brasíl em Brasília 

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