Grandes cidades registram recuperação de renda, mas sofrem com aumento da desigualdade
Os dados do IBGE mostra que, entre o primeiro e o último trimestre de 2022, a média da renda domiciliar per capita subiu 13%, passando de R$ 1.455 para R$ 1.644. Ao mesmo tempo, a desigualdade de renda subiu de 0,613 para 0,620, somando três altas consecutivas. A principal explicação se encontra no fato de que os ricos tem aproveitado mais o crescimento da renda do que os mais pobres.
“Isso é fruto de um controle inflacionário maior e, ao mesmo tempo, de uma retomada da atividade econômica, de redução da desocupação do país. Em geral, todas as famílias melhoraram nas metrópoles, mas as famílias que estão no topo da pirâmide melhoraram proporcionalmente mais. Você tem um cenário que combina uma recuperação da renda média com o aumento da distÂncia entre topo e base da pirâmide, fazendo a desigualdade aumentar”, diz André Salata, coordenador do estudo.
Embora cada metrópole apresente comportamentos diferentes, na maioria, 12 de 22, verificou-se o mesmo crescimento de desigualdade. Na grande São Paulo, o coeficiente Gini aumento de 0,600 para 0,614, enquanto que na Grande São Luís, subiu de 0,558 para 0,615. Concomitantemente, todas as 22 metrópoles constataram aumento da média de renda, com a maior alta vindo da Grande São Luís: 36,6%.
Para que a renda continue subindo e as desigualdades sejam minimizadas, é necessária a criação de políticas públicas para que as pessoas tenham mais qualidade de vida. “Isso depende muito do setor público fazer investimentos em infraestrutura, como construção civil, que empregam muitas pessoas, principalmente uma mão de obra mais próxima da base da pirâmide. Precisamos retomar com mais forças uma política de aumento real do salário mínimo, que foi importante para reduzir desigualdades. Expandir o nosso sistema de ensino, isso é fundamental”, continua Salata.
Outro ponto citado pelo pesquisador está relacionado com a tributação em diversos setores. “A gente tributa muito mal. Nosso sistema é muito regressivo no sentido de que tributamos mais quem está na base da pirâmide do que no topo. Temos que fazer uma reforma que torne o sistema tributário mais progressivo”, dis Salata. Segundo o coordenador do estudo, somente dessa maneira será posível promover igualdade e elevação de renda.
Jovem Pan