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Cabo Verde se torna terceiro país africano a erradicar a malária

Cabo Verde se tornou na sexta-feira (12) o terceiro país da África onde a malária é oficialmente considerada erradicada. A doença continua a matar milhares de pessoas no continente todos os anos.


Preparação da primeira vacina contra a malária, a RTS S, durante sua fase piloto no Quênia, em março de 2023. 
AFP – YASUYOSHI CHIBA

Cabo Verde, um Estado insular com cerca de 500 mil habitantes, é o primeiro país da África Subsaariana, após as Ilhas Maurício, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como tendo eliminado completamente a malária.

A OMS fala em comunicado de imprensa de um “sucesso significativo na saúde global”.

Mais de 40 Estados obtiveram a mesma certificação, concedida quando um país fornece provas de que a cadeia de transmissão doméstica do mosquito foi interrompida em âmbito nacional durante pelo menos três anos consecutivos.

Na África, além das Ilhas Maurício e de Cabo Verde, a Argélia foi declarada livre da malária em 2019.

A doença, no entanto, continua a causar a morte de cerca de 608 mil pessoas somente em 2022, com quase 250 milhões de infecções em todo o mundo, segundo o site da OMS. Os 50 países africanos suportam uma parte desproporcional do número de vítimas, com 580 mil mortes, ou 95% do total global, e 94% das contaminações. As crianças com menos de cinco anos representam 80% das mortes na África.

“O sucesso de Cabo Verde é um raio de esperança para a região africana e para além dela. Demonstra que com força de vontade política, políticas eficazes, envolvimento comunitário e colaboração multissetorial, a eliminação da malária é um objetivo alcançável”, afirmou Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África, citada pela organização.

Este sucesso, depois de outros, “nos faz esperar que, graças às ferramentas já existentes ou às novas, sobretudo as vacinas, possamos começar a sonhar com um mundo sem malária”, acrescenta o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Ele entregou a certificação ao primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, na sexta-feira, na capital Praia.

A malária é transmitida aos seres humanos principalmente através da picada de certos tipos de mosquitos fêmeas infectados e ocorre principalmente nos trópicos. Também pode ser transmitido através de transfusões de sangue e agulhas contaminadas. Pode ser leve, com sintomas como febre e dor de cabeça, mas também pode causar a morte em 24 horas com o parasita P. falciparum, o mais comum na África.

A luta contra a malária há muito tempo consiste principalmente na prevenção com o uso de mosquiteiros ou com uso de medicamentos preventivos e inseticidas. No entanto, a OMS recomenda desde 2021 duas vacinas.

Melhoras para o turismo

O primeiro-ministro cabo-verdiano destacou os benefícios esperados da erradicação da malária.

“Para um país cuja principal atividade econômica é o turismo, a erradicação da malária significa a eliminação de um constrangimento à mobilidade e também o fortalecimento da percepção de segurança sanitária, e esperamos agora melhores resultados no turismo”, disse à AFP.

O setor representa aproximadamente 25% do PIB cabo-verdiano.

A OMS recorda que antes da década de 1950, o arquipélago sofria regularmente com epidemias graves e que todas as ilhas eram afetadas. O país conseguiu eliminar a doença em 1967 e 1983 através da pulverização de inseticidas, mas erros subsequentes permitiram o regresso da doença. Desde o último pico, no final da década de 1980, a malária permaneceu em apenas duas ilhas, Santiago e Boa Vista, diz a OMS.

A eliminação da malária tornou-se um objetivo nacional de saúde em Cabo Verde em 2007 e resultou num plano estratégico entre 2009 e 2013, disse ela. A OMS faz um apelo por um diagnóstico mais generalizado, um tratamento mais precoce e por cuidados gratuitos prestados aos estrangeiros.

Além disso, a organização saudou o país por ter mantido a vigilância apesar da pandemia de Covid-19.

(Com AFP)

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