França anuncia plano para economizar água e se prepara para cenário de secas anuais

O presidente francês, Emmanuel Macron, durante lançamento do plano para economia de água, em Savines-Le-Lac, no sudeste da França. © Sebastien Nogier/Pool via REUTERS
O presidente Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira (30) um plano para reduzir o consumo de água no país diante das secas frequentes. Entre as metas para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, a França pretende ampliar sua utilização de águas de reuso e adotar uma tarifa progressiva de água.
O plano apresentado pelo presidente francês em Savines-Le-Lac (sudeste), diante de um reservatório de água dos Alpes, tem como objetivo preparar o país para as secas deste e dos próximos anos.
Com cerca de 50 medidas diferentes, o governo pretende começar a reduzir o consumo de água já para o próximo verão e, ao longo dos próximos sete anos, alcançar metas duradouras de redução do uso de água.
A medida mais urgente anunciada é a adoção, a partir dos próximos meses, de um monitor diário da situação dos reservatórios de água e da distribuição para cada localidade. A França vem de um inverno particularmente seco, com um recorde de 32 dias sem chuva, o que coloca sob tensão o abastecimento de água dos próximos meses.
O objetivo do monitor é que a população e os governos possam adaptar seu consumo à situação das reservas, podendo existir incentivos financeiros para os consumidores que economizarem mais.
Redução de 10% no consumo até 2030
Com horizonte mais longo, o plano anunciado prevê a adoção de uma tarifa progressiva para a água, incentivo para mudanças na irrigação agrícola, um plano de adaptação das usinas nucleares, que consomem cerca de 12% da água do país, e o aumento da utilização de águas de reuso.
O objetivo é uma redução de 10% na quantidade de água consumida em território francês até 2030.
“As mudanças climáticas vão nos privar de 30% a 40% da água disponível no nosso país até 2050”, alertou o presidente.
A segunda maior economia da União Europeia (UE) extrai uma média de 33 bilhões de metros cúbicos de água por ano dos quase 208 bilhões disponíveis em rios, lagos e águas subterrâneas. Deste total, 85% retornam para os ambientes aquáticos, segundo o governo.
Anúncio em meio à guerra pela água e pelas aposentadorias
O lançamento do plano foi feito alguns dias após uma violenta manifestação contra a construção de megarreservatórios em Sainte-Soline (centro-oeste). Ambientalistas e pequenos agricultores criticam estes grandes reservatórios ao ar livre, considerados uma forma de privatizar um “bem comum”.
No último sábado, milhares de ativistas ecologistas que protestavam contra o uso de reservatórios que bombeiam a água de lençóis freáticos para o consumo na irrigação do campo em períodos de seca entraram em confronto com mais de 3.000 policiais, enviados para evitar a manifestação.
A ação violenta da polícia, com dois manifestantes que seguem em estado de coma, ampliou a indignação diante da repressão de protestos recentes contra a reforma da Previdência.
Em Savines-Le-Lac, o presidente foi recebido por cerca de 200 manifestantes contra a reforma previdenciária, que pediam sua demissão.
“Macron sabe muito bem como desviar a atenção de problemas reais”, comentou Julie, uma manifestante de 40 anos da cidade vizinha de Guillestre.
(Com AFP)