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Famílias em busca de informação sobre mortos no Alemão e na Penha: o drama na porta do Hospital Getúlio Vargas durante megaoperação policial no Rio

Ao longo da megaoperação das polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (28), que deixou 60 suspeitos mortos, parentes das vítimas da ação começaram a se concentrar em frente ao Hospital estadual Getúlio Vargas por volta das 11h30. Funcionários da unidade, para evitar tumulto, pediram para que eles buscassem informações no Núcleo de Acolhimento à Família.

No local, mães, irmãs e namoradas eram maioria, aguardando para fazer o reconhecimento dos mortos. O espaço chegou a ficar lotado, com fila para entrada já no lado de fora.

O momento de maior tensão aconteceu quando policiais militares trouxeram colegas mortos e feridos para o hospital. Houve discussão entre os agentes e parentes de suspeitos, apartada por funcionários da unidade e policiais civis.

Depois da confusão, os parentes exigiram mais velocidade para reconhecer os corpos e ter informações sobre os feridos. Um funcionário da unidade apareceu, pediu calma e explicou que o reconhecimento, na verdade, deveria ser feito no Instituto Médico Legal, e que o hospital estava abrindo uma exceção.

Para evitar mais conflitos, decidiu-se que os parentes seriam levados para um auditório e, de dois em dois, poderiam entrar na área onde os mortos foram levados.

Logo depois, uma mãe chegou aos prantos, afirmando que o filho dela estava ferido e mantido sem socorro por policiais militares:

— Eu sei que meu filho é da vida errada, eu sei que o que ele faz não é certo, mas, como mãe, é insuportável pensar em perdê-lo. Eu recebi foto dele ferido, sei que estão mantendo ele preso, mas tenho medo de que ele seja morto. Por que não podem mantê-lo com vida? Eu não vou conseguir perder ele — lamentou, aos prontos.

No hospital, policiais civis e militares também apareciam inconsoláveis. Muitos choravam ao ter confirmação da morte dos colegas. Outros aproveitavam o momento para avisar à família sobre a operação:

— Eu tô bem, mas. Tô vivo! Tô aqui no hospital agora, mas logo vou voltar pra operação. Eu tô bem, pode ficar tranquila — disse um policial ao celular.

Megaoperação

Uma megaoperação das polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, deixou quatro policiais mortos além de oito agentes feridos, na manhã desta terça-feira. De acordo com a Polícia Civil, 60 suspeitos foram mortos, dois deles da Bahia. Quatro moradores também foram atingidos. O objetivo da ação é cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV), 30 deles de fora do Rio, escondidos nos dois conjuntos de favelas, identificados pela investigação como bases do projeto de expansão territorial do CV. Até o fim da tarde, 81 pessoas foram presas e 93 fuzis foram apreendidos na ação, que mobiliza 2,5 mil policiais e também promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ).

Extra Online 

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