Economia

Com ofensiva sobre a Petrobras, Bolsa fecha em queda

Fábio Vieira/Metrópoles

Principal indicador do desempenho das ações negociadas na Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa começou o mês com fortes perdas. No primeiro pregão de março, nesta quarta-feira (1º/3), o indicador fechou em queda de 0,52%, aos 104.384,67 pontos.

Na máxima do dia, o índice foi a 105,4 mil pontos. Na mínima, recuou para 103,1 mil. O volume negociado no primeiro pregão de março foi de R$ 32,7 bilhões.

Os temores envolvendo a Petrobras

Após o anúncio do governo da reoneração dos tributos federais sobre a gasolina e o etanol, o mercado teme uma espécie de interferência velada na Petrobras, que ontem reduziu os preços da gasolina e do diesel vendidos às distribuidoras.

Nesta quarta, o Ministério de Minas e Energia pediu à Petrobras a suspensão, por 90 dias, da venda de ativos para uma “reavaliação” da atual política energética. O mercado também se assustou com as declarações da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que defendeu a revisão da distribuição de dividendos aos acionistas da Petrobras. “Agora é construir na Petrobras uma política de preços mais justa, acabar com PPI e rever a indecente distribuição de dividendos da empresa para ela voltar a investir e fazer o Brasil crescer”, disse a petista.

Por fim, além do peso da defasagem de preços, a Petrobras ainda deverá pagar imposto para exportar o petróleo cru para o mercado externo. O tributo, que estava zerado, será de 9,2%, segundo anunciou o Ministério da Fazenda. Em números reais, a Petrobras deixará de lucrar algo como R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões, em razão do tributo.

Nesta quarta, as ações de empresas ligadas ao setor de petróleo mantiveram a trajetória da véspera e operaram em baixa durante praticamente toda a sessão. Os papéis preferenciais da Petrobras recuaram 4%, enquanto a PetroRio tombou 10% no fim do dia.

Entre os destaques negativos do pregão, a Hapvida registrou as maiores baixas. As ações da empresa caíram mais de 33%. O resultado da Bolsa só não foi pior graças graças ao avanço das ações de empresas ligadas às commodities metálicas, após a divulgação de dados mais fortes sobre a economia chinesa, o que limitou as perdas.

Governo busca “atalho”

Em entrevista ao Metrópoles, nesta quarta, Gabriel Leal de Barros, sócio e economista-chefe da Ryo Asset, ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), com passagens por BTG Pactual e RPS Capital, afirmou temer o uso político da Petrobras pelo governo.

“Aumenta o receio de uso da empresa. É muito possível que a Petrobras passe a ser usada como um instrumento para amortecer movimentos de mercado do preço de combustíveis. Infelizmente, continuamos procurando atalhos e soluções fáceis para problemas complexos”, afirmou Barros.

“A tributação da exportação de petróleo vai ter repercussões no médio e longo prazo. Mas, como não estão preocupados com isso, não tem problema, na cabeça deles, hipotecar o futuro com uma medida como essa. Sabemos que mudanças na regra do jogo afetam o volume de investimento das empresas na produção e exploração de petróleo”, alertou.

Dólar

Como noticiado mais cedo pelo Metrópoles, o dólar fechou em queda de 0,65%, negociado a R$ 5,191, com o efeito positivo de dados econômicos divulgados pelo governo da China.

Metrópoles

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