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Centros de ajuda humanitária são saqueados em Gaza, “sinal do colapso da ordem pública”, diz ONU

A crise humanitária se degrada na Faixa de Gaza após a intensificação dos ataques israelenses no enclave palestino nos últimos dois dias. A ONU alerta neste domingo (29) que a situação é a cada dia mais "desesperadora" e a ordem pública começa a entrar em colapso no local.


População de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, retira sacos de alimentos em centro de distribuição de ajuda humanitária das Nações Unidas, em 28 de outubro de 2023.
 AFP – MOHAMMED ABED

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, sigla em inglês) indicou que milhares de pessoas invadiram no sábado (28) depósitos de alimentos da instituição no centro e no sul da Faixa de Gaza. Segundo a ONU, esse é um sinal “preocupante” sobre o estado de calamidade que vivem os palestinos.

“As pessoas estão amedrontadas, frustradas, desesperadas”, disse o diretor de operações da UNRWA em Gaza, Thomas White. “Produtos alimentícios se esgotam nos mercados, enquanto a ajuda humanitária que chega por meio de caminhões vindos do Egito é insuficiente. A população passa por muitas necessidades: faltam produtos básicos e necessários para a sobrevivência, enquanto a ajuda que chega é escassa e incoerente”, reiterou.

Um jornalista da AFP presenciou palestinos que fugiram dos ataques no norte do enclave invadir um centro de ajuda humanitária em Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza. Segundo ele, as pessoas carregaram nos braços sacos de farinha, lentilha e açúcar, além de latas de óleo.

White afirma que pouco mais de 80 caminhões de ajuda chegaram ao enclave palestino desde 21 de outubro, quando Israel autorizou a abertura da passagem de Rafah, no sul do território, na fronteira com Egito. “O sistema atual de comboios está fadado ao fracasso. Poucos veículos conseguem passar, o processo é lento, o controle é estrito, os produtos que chegam não correspondem às necessidades da UNRWA e das outras organizações de ajuda humanitária. Além disso, a entrada de combustíveis continua proibida e tudo isso é a receita para um sistema falho”, destaca o diretor de operações da UNRWA na Faixa de Gaza.

As Forças Armadas Israelenses pediram neste sábado que os moradores da Faixa de Gaza se dirijam ao sul do território, onde há previsão de uma melhora da distribuição da ajuda humanitária. O norte do enclave foi devastado pelos bombardeios realizados desde a noite de sexta-feira (27), quando bairros inteiros foram reduzidos a cinzas. Tel Aviv indicou que mirou em 450 alvos do Hamas, mas milhares de residências de civis vieram abaixo.

Situação “cada vez mais desesperadora”

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou neste domingo para o estado de calamidade do enclave. Ele lamentou que Israel tenha intensificado suas operações militares no local, apesar dos pedidos por um cessar-fogo.

Para Guterres, é “completamente inaceitável” o número de vítimas da guerra entre Israel e o Hamas. Segundo Tel Aviv, desde o ataque do grupo contra o país em 7 de outubro, 1.400 pessoas morreram do lado israelense. No sábado, o Ministério da Saúde palestino indicou que mais de 8 mil indivíduos morreram na ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em pouco mais de três semanas.

Fazendo um apelo por “um cessar-fogo imediato”, o chefe da ONU ressaltou a urgência de “uma ajuda que satisfaça as necessidades da população”. “O mundo é testemunha de uma catástrofe humanitária que está acontecendo diante de nossos olhos”, disse. “Mais de dois milhões de pessoas, que não têm para onde ir em segurança; são privadas de elementos essenciais à vida – comida, água, abrigo, cuidados médicos – enquanto são submetidas a bombardeios incessantes”, salientou Guterres.

(Com informações da AFP)

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