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Ataque do ELN contra as Farc deixa 80 mortos e encerra trégua entre guerrilhas na Colômbia

Subiu para 80 o número de mortos no violento ataque da guerrilha do ELN contra dissidentes das FARC e a população civil na quinta-feira (16), segundo um novo balanço divulgado neste domingo (19) pelas autoridades. O confronto na região colombiana de Catatumbo, no nordeste do país, fronteiriça à Venezuela, encerra a trégua entre os dois grupos armados na Colômbia.


Pessoas fugindo dos confrontos entre grupos armados chegam ao município de Tibu, Departamento Norte de Santander, Colômbia, em 18 de janeiro de 2025.
 AFP – SCHNEYDER MENDOZPor:

“Estimamos que mais de 80 pessoas perderam a vida”, disse William Villamizar, governador do departamento de Norte de Santander, onde fica a região de Catatumbo, em um comunicado. O relatório anterior das autoridades, divulgado no sábado (18) pela Defensoria do Povo da Colômbia, indicava cerca de 60 mortos.

“Mais de 20 (pessoas) ficaram feridas e cerca de 5.000 foram deslocadas” pelos confrontos, acrescentou o governador.

Desde quinta-feira, guerrilheiros de ambas as organizações lutam pelo controle desta área estratégica para a produção de cocaína.

Diante deste novo capítulo de violência, que relembra os piores momentos do conflito armado na Colômbia, o Exército intensificou seu destacamento na serra do Catatumbo, onde “a situação é muito crítica”, declarou neste sábado o general Luis Emilio Cardozo

De acordo com um comunicado das Forças Armadas da Colômbia, mais de 5.000 soldados foram mobilizados no local “para reforçar a segurança”. O ministro da Defesa, Iván Velásquez, viajou para a cidade de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, para liderar a ofensiva contra a guerrilha.

Violência

Os guerrilheiros do ELN “tiraram pessoas de suas casas e as mataram de forma miserável, violando os direitos humanos. Cabe a nós, como Exército nacional, estabilizar o território”, disse Cardozo aos oficiais uniformizados.

O ataque do ELN (Exército de Libertação Nacional) encerrou uma trégua com dissidentes do extinto grupo guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e levou o presidente de esquerda Gustavo Petro a suspender as negociações de paz na sexta-feira, acusando o ELN de “crimes de guerra”.

O chefe de Estado chegou ao poder com o compromisso de buscar uma solução negociada para seis décadas de conflito armado e iniciou as negociações com o ELN no final de 2022. Mas o processo de paz está constantemente em crise, devido aos ataques rebeldes, disputas com outros grupos armados e diferenças entre as partes que impediram a conclusão de acordos concretos.

Em 2016, um acordo de paz histórico levou ao desarmamento das FARC, mas grupos dissidentes se reorganizaram com novos recrutas.

O novo episódio de violência em Catatumbo levou a um deslocamento em massa de populações civis em direção da cidade de Tibú, ao norte.

Com mais de 50.000 hectares de plantações de coca, combustível para o longo conflito armado, Catatumbo é um símbolo da guerra interna que já fez mais de 9,5 milhões de vítimas em 60 anos.

Os moradores foram evacuados de helicóptero e “os deslocados continuam chegando aos vários pontos de recepção” das vítimas, disse uma fonte militar à AFP.

A Colômbia deve participar de uma sessão do Conselho de Segurança da ONU na próxima semana, onde apresentará um relatório sobre os “crimes de guerra” do ELN, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Luis Gilberto Murillo.

(Com AFP)

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