Haddad: desoneração era inconstitucional e opção será apresentada
Ministro Fernando Haddad disse que vai apresentar, após a COP28, medidas para setores que não devem mais ter desoneração da folha estendida
Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetar a prorrogar a desoneração na folha de pagamento das empresas de 17 setores econômicos do país até 2027, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse que a medida era inconstitucional e afirmou que na volta da COP28 vai apresentar alternativas para os setores que podem não ter a desoneração prorrogada.
“Na volta da COP, nós vamos apresentar conjunto de medidas pros setores para poder equacionar o problema”, disse Haddad a jornalistas, na manhã desta sexta (24/11), na sede do escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo.
Segundo a equipe dele, o PL resultaria em queda na arrecadação. O governo tem buscado novas fontes de receita para reduzir o déficit fiscal neste ano e zerá-lo a partir de 2024. Haddad avalia que o projeto de desoneração teria custo de aproximadamente R$ 18 bilhões aos cofres da União.
A tendência, agora, é que o veto seja analisado pelo Congresso Nacional e seja derrubado pelos parlamentares. No fim de outubro, o projeto foi aprovado pelo Senado, depois de passar pela Câmara. Mas já era esperado que Lula vetasse.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA), relator do PL, afirmou que vai trabalhar para derrubada do veto presidencial logo na primeira sessão do Congresso.
Entenda a desoneração criticada por Haddad
A desoneração da folha é um mecanismo que permite às empresas dos setores beneficiados pagarem alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários (a chamada contribuição previdenciária patronal). A troca é vantajosa para as empresas, porque reduz os encargos trabalhistas dos setores desonerados.
A desoneração começou a ser implementada no primeiro governo de Dilma Rousseff (PT), em 2011, para estimular a geração de empregos, e teve sucessivas prorrogações desde então.
O texto busca aliviar encargos para 17 setores da economia. Entre eles indústrias têxtil, de calçados, máquinas e equipamentos e proteína animal, construção civil, comunicação e transporte rodoviário. Esses setores somam cerca de 9 milhões de trabalhadores.
Veja quais são os 17 setores:
- confecção e vestuário;
- calçados;
- construção civil;
- call center;
- comunicação;
- empresas de construção e obras de infraestrutura;
- couro;
- fabricação de veículos e carroçarias;
- máquinas e equipamentos;
- proteína animal;
- têxtil;
- tecnologia da informação (TI);
- tecnologia de comunicação (TIC);
- projeto de circuitos integrados;
- transporte metroferroviário de passageiros;
- transporte rodoviário coletivo;
- transporte rodoviário de cargas.
Metrópoles