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Posturas de Zema e Lula em evento em Minas tiram sono de aliados

Avaliação é que plano de governador é vender imagem de conciliador; equipe do presidente teme que encontro durante agenda em Minas tire protagonismo de anúncios

Lula e Zema — Foto: Montagem/Divulgação

A liturgia do encontro entre o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na agenda presidencial em Belo Horizonte nesta quinta-feira (8), tem tirado o sono de auxiliares do governo estadual e do Palácio do Planalto. De lados políticos opostos, a queda de braço paira sobre de quem será o protagonismo da agenda que poderá marcar o primeiro encontro a sós entre o presidente e o governador.

Zema já pediu formalmente uma agenda reservada com o petista, mas sinalizou à equipe presidencial a intenção também de ir à agenda do Minascentro. O intuito é mostrar que o governador, apesar das divergências políticas, está buscando diálogo e soluções para problemas do Estado, em especial para a dívida bilionária de Minas com a União.

Uma eventual ausência poderia ser interpretada, segundo interlocutores, até como ônus ao governador e dar o entendimento de que questões pessoais estão acima das questões públicas do Estado. Por isso, Zema estaria disposto a enfrentar possíveis vaias de uma plateia de 800 pessoas, formada em sua maioria por militantes do PT, e até mesmo dividir palco com um de seus principais adversários, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também estará na agenda. O senador tem travado embates com o governador no que diz respeito ao protagonismo na solução da dívida do Estado com a União.

Vale lembrar, que Lula e Zema vão dividir o palco no dia anterior, no início do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) do pedido de prorrogação do prazo da dívida de Minas até 20 de abril. A pauta deve ser, inclusive, um dos principais pedidos do governador ao petista.

Tarcísio. Se Zema e Lula dividirem o palanque no Minascentro, o esperado durante o encontro é que Lula repita o tom que adotou em São Paulo, na última semana, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicano), mas “sem brincadeiras e risos demais”, até porque, na avaliação de interlocutores, diferentemente de Zema, que constantemente faz duras críticas ao presidente, Tarcísio já se encontrou de maneira reservada com Lula em outras ocasiões e foi diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

“A receita que o presidente costuma usar nesses casos é ser combativo, fazer críticas, mas quebrar o gelo com uma brincadeira ali ou aqui. Mas fato é que ele vai deixar claro para o Zema, em público, que o governo federal sempre está disposto a recebê-lo. E que, independentemente da polarização, o povo mineiro está acima de tudo”, detalhou um auxiliar do Palácio do Planalto.

Nesse sentido, apesar do desejo de Zema de encontrar o presidente Lula reservadamente, dificilmente o petista vai se reunir a sós com ele. O convite do Planalto ao governador foi apenas para a agenda oficial, em que Lula deve fazer um balanço das ações do governo federal para o Estado.

Prós e contras. A resistência da equipe do presidente em se reunir com o governador é por acreditar que ele esteja fazendo “jogo de cena” para mostrar que é conciliador, já de olho em ser o candidato da direita na eleição presidencial de 2026.

O receio de interlocutores de Lula é que o anúncio de recursos para o Estado seja ofuscado pelo ineditismo do encontro dos dois em um mesmo palanque. Tanto é que, desde que foi anunciada a visita do petista ao Estado, a equipe presidencial correu contra o tempo para definir qual seria “o grande anúncio” de Lula ao Estado.

O Tempo 

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