Mundo

Ex-chefe da Renault-Nissan, Carlos Ghosn é alvo de nova ordem de prisão na França

Um juiz de instrução de um tribunal francês emitiu uma ordem de prisão internacional contra o franco-líbano-brasileiro Carlos Ghosn em uma investigação sobre contratos aprovados por uma filial da empresa automotiva Renault-Nissan, informou, nesta terça-feira (4), uma fonte próxima ao caso. Emitida em abril, esta é a segunda ordem de prisão internacional da França contra o executivo, que mora atualmente no Líbano.


Ex-CEO da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, durante entrevista em 23 de janeiro de 2023 em Beirute, no Líbano
AP – Hassan Ammar

O antigo magnata do setor automobilístico é investigado pelo uso indevido de ativos corporativos e lavagem de dinheiro organizada, ligada a uma distribuidora de Omã, a Suhail Bahwan Automobiles (SBA).

Os advogados do antigo CEO da Renault, Léon Del Forno e Martin Reynaud, dizem que o executivo está impedido de responder à Justiça francesa. “Carlos Ghosn não pode sair do Líbano, pois as autoridades libanesas o proibiram de deixar o país devido ao processo japonês. Portanto, ele não pode responder às convocações para comparecer a uma acusação na França”, disseram.

O juiz de instrução de Paris emitiu o mandado de prisão em abril, depois que Carlos Ghosn não atendeu a uma convocação para comparecer em 19 de maio de 2022, acusado de corrupção.

Mais uma acusação de corrupção

Esse mandado de prisão internacional pode ser o ato final da investigação judicial aberta em 10 de julho de 2019 por corrupção, suborno de um funcionário de uma organização pública internacional, tráfico de influência, uso indevido de ativos corporativos e manuseio de bens roubados.

As suspeitas nesse caso se relacionam a uma soma de € 900.000 (R$ 4,7 milhões) pagos a ex-ministra francesa da Justiça Rachida Dati pela RNBV, a subsidiária holandesa da Aliança Renault-Nissan, quando Carlos Ghosn era seu CEO.

Os valores teriam sido recebidos por Dati como pagamento de honorários por seu trabalho como advogada entre 2010 e 2012. No entanto, no mesmo período, Rachida Dati era deputada no Parlamento Europeu. A política conservadora é investigada desde julho de 2021 por “corrupção e tráfico de influência passiva por uma pessoa que ocupa um cargo público eletivo”.

A Justiça tenta verificar se a renda da republicana é compatível com alguém que prestava tais serviços de advocacia ou se os pagamentos foram apenas uma forma de ocultar o lobby da empresa automotiva no Parlamento Europeu, o que é proibido para os eurodeputados.

“A entrada processual de Carlos Ghosn no caso permitirá que a verdade venha à tona”, consideram Olivier Baratelli e Olivier Pardo, advogados de Dati, que é atualmente subprefeita do 7º distrito de Paris. Os defensores pedem uma acareação entre ela e o ex-chefe da Renault.

Assim que as investigações forem concluídas, a Procuradoria Financeira Nacional fará suas recomendações, após as quais o juiz de instrução decidirá se deve ou não pedir um julgamento. Carlos Ghosn poderá ser encaminhado ao tribunal criminal neste caso.

Empresário refugiado no Líbano

Após uma fuga cinematográfica do Japão, onde deveria ser julgado pela acusação de desvio de dinheiro enquanto esteve à frente do grupo japonês, o ex-CEO da Renault-Nissan se refugiou em Beirute.

O empresário mantém na Justiça libanesa um processo contra a Nissan e seus executivos. Segundo Ghosn, eles “inventaram as acusações contra ele no Japão, o que levou à sua prisão e às ações judiciais”.

Ghosn reclama “US$ 1 bilhão de indenização” (R$ 4,8 bilhões). A data da audiência desta ação está marcada para meados de setembro.

(Com AFP)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo