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Espanha supera ambiente caótico e conta com alto investimento para ganhar título inédito da Copa do Mundo Feminina

Resultado contra as inglesas premia a aposta do país ibérico no futebol feminino e consolida um grupo talentoso

FRANCK FIFE/AF
Seleção espanhola de futebol feminino conquistou o título inédito da Copa do Mundo em jogo apertado contra a Inglaterra

Espanha conquistou o título inédito da Copa do Mundo Feminina, neste domingo, 20, ao derrotar a Inglaterra por 1 a 0 em final disputada no Accor Stadium, em Sydney, na Austrália. Para quem não acompanha futebol feminino, o resultado pode ser surpreendente. Afinal, até esta edição do Mundial, a seleção espanhola só contava com duas participações no torneio da Fifa, alcançando o ápice nas oitavas de final de 2019. Sem tradição na modalidade, a Fúria também nunca brilhou no Velho Continente, chegando apenas ao quarto lugar na Eurocopa, no longínquo campeonato de 1997. Para piorar, o ambiente dentro da equipe nacional era caótico, com várias jogadoras fora da lista de convocadas após um boicote contra o treinador. Apesar de todo o contexto, a “La Roja” desembarcou na Oceania com uma geração forte, promissora graças ao alto investimento nas categorias de base e entrosada devido ao forte time montado pelo Barcelona. O resultado contra as inglesas, assim, premia a aposta do país ibérico no futebol feminino e consolida um grupo talentoso, mas que conviveu com problemas.

As questões problemáticas têm relação, principalmente, com o técnico Jorge Vilda, que está à frente da seleção espanhola há oito anos. Na temporada passada, quinze jogadoras da Espanha enviaram um e-mail para a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) pedindo a demissão do comandante. Após não ter o pedido atendido, o grupo anunciou um boicote contra a equipe nacional – para o Mundial, três atletas acabaram retornando ao elenco. Na época, elas contestaram escolhas táticas, metodologias e a gestão de plantel do treinador, alegando causar problemas de saúde mental sobre o time. Mantido no cargo, Vilda agradeceu o respaldo da entidade e afirmou que o apoio do presidente da RFEF, Luís Rubales, foi fundamental para a campanha na Copa. “Você está perguntando sobre o passado, mas acima de tudo eu gostaria de ressaltar o apoio e suporte do nosso presidente Luis Rubiales desde o primeiro dia”, disse o técnico, em entrevista coletiva depois da semifinal. “Sem isso, nós não estaríamos aqui. Tenho certeza que nada disso teria acontecido.”

Além do relacionamento, a Espanha também precisou superar os problemas físicos de Alexia Putellas, atual bicampeã do The Best e da Bola de Ouro. Melhor do mundo nos últimos dois anos, a meia-atacante rompeu o ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho esquerdo em 2022 e encontrou dificuldades na preparação para o Mundial. Prova disso é que a craque não fez uma Copa do Mundo impactante, perdendo espaço no time titular em alguns momentos. Na semifinal contra a Suécia, ela chegou a ficar revoltada por ser substituída – parte da imprensa atribui o momento de fúria à insatisfação com seu próprio rendimento dentro de campo. Assim, coube a outras atletas assumir o protagonismo e liderar a “La Roja” até o primeiro título de expressão em sua história.

Na Copa do Mundo 2023, a seleção espanhola tem como base o Barcelona, bicampeão da Liga dos Campeões Feminina e atual vencedor do torneio europeu. O clube catalão tem quatro titulares na equipe campeã: a goleira Cata Coll, a zagueira Irene Paredes, a lateral-esquerda Laia Codina e a volante Aitana Bonmatí. Além do quarteto e da própria Putellas, o Barça também conta com a meia Mariona Caldentey e a jovem atacante Salma Paralluelo, candidata a revelação do Mundial. Esta última, inclusive, é o símbolo da renovação da Espanha, que contou com um bom aporte financeiro para chegar ao auge. Nos últimos anos, o investimento na categoria foi notório e resultou nos títulos mundiais Sub-17 e Sub-20. Dessa forma, com um elenco relativamente jovem, a expectativa é que a “Fúria” chegue forte para a Copa de 2027, ainda sem local definido.

Jovem Pan 

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