Economia

“A Flor do Buriti”, filme sobre resistência de indígenas brasileiros, é premiado em Cannes

“A Flor do Buriti”, do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader Messora, foi premiado na noite desta sexta-feira (26) no Festival de Cinema de Cannes. Produzido por Julia Alves e Ricardo Alves Jr. pela produtora mineira Entre Filmes, o filme recebeu o Prix Ensemble da mostra "Un Certain Regard" (Um Certo Olhar).


Filme de João Salaviza e Renée Nader Messora “Crowrã, a flor de Buriti” é exibido na mostra “Un certain regard” do Festival de cinema de Cannes de 2023.
© Festival de Cannes

O filme, que fala da resistência do povo Krahô do norte de Tocantins, foi recebido com entusiasmo pela plateia em sua estreia. A produção foi aplaudida durante mais de 10 minutos após a projeção.

A equipe de “A Flor do Buriti” também chamou atenção em sua passagem pela Riviera Francesa ao protestar no tapete vermelho do Festival de Cannes contra o marco temporal na noite de quarta-feira (24). Eles exibiram na escadaria do Palácio dos Festivais, diante dos fotógrafos do mundo todo, uma faixa com os dizeres: “não ao marco temporal, the future of indigenous lands in Brazil is under threat (o futuro das terras indígenas brasileiras está ameaçado)”.

“A Flor do Buriti” é fruto de uma colaboração de muitos anos dos diretores com a comunidade indígena de Pedra Branca. “É importante sublinhar que o nosso projeto com os Krahô não é um projeto artístico, é um projeto de vida”, disse João Salaviza em entrevista à RFI durante a semana.

Em 2018, os diretores venceram o Prêmio Especial do Júri, na mesma mostra, com “A Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, também sobre os Krahô.

“A Flor do Buriti”, que em francês ganhou o nome de “Crowrã”, foi construído em parceria com os Krahô em um processo coletivo. O roteiro é assinado por João Salaviza e Renée Nader Messora, mas também pelos indígenas Ilda PatproKrahô, Francisco HyjnõKrahô, Ihjãc Henrique Krahô, que vieram a Cannes para a pré-estreia mundial na mostra “Un Certain Regard”.

A filmagem, atravessada pela pandemia de Covid-19, durou 15 meses, com uma equipe muito reduzida. A narrativa, não linear e sem imagens de arquivo, aborda os últimos 80 anos da história dos Krahô, que vivem no norte de Tocantins. A reconstituição de fatos históricos, do massacre dos Krahô em 1940 até a resistência ao governo Bolsonaro, é feita e interpretada pelos indígenas a partir da memória compartilhada por eles. “É um filme mais amplo, mais plural, que tenta dar conta da potência de ver uma comunidade coletivamente, a pensar e a agir”, disse o diretor português.

O prêmio principal da mostra Um Centro Olhar foi para o filme “How to Have Sex”, de Molly Manning Walker. O prêmio Nouvelle Voix (Nova Voz) foi para “Augure”, de Baloji, e o Prix de la Liberté (Prêmio da Liberdade) foi para “Goodbye Julia”, de Mohamed Kordofani. A melhor direção foi para Asmae El Moudir, pelo filme “Kadib Abyad”, e o prêmio do júri, dirigido este ano pelo ator americano John C. Reilly, foi para “Les Meutes”, de Kamal Lazraq.

Noticiário Francês

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