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Dólar vai a R$ 5,46 e renova máxima desde julho de 2022 após críticas de Lula ao BC; Ibovespa sobe

Banco Central encerrou um ciclo de sete cortes consecutivos na taxa Selic

Cris Faga/NurPhoto via Getty Images – Da CNN*

O dólar renovou a máxima em quase dois anos e o Ibovespa encerrou com ganhos reduzidos nesta quinta-feira (20), com novas críticas de Lula ao Banco Central (BC) ofuscando o clima positivo com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na véspera.

A manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano, em decisão unânime do colegiado colocou as cotações do dólar em baixa e deu força ao Ibovespa no início do dia. A reação mais positiva à decisão era vista na renda fixa, onde as taxas dos DIs chegaram a ceder 20 pontos-base em vencimentos mais curtos.

O clima inverteu a partir da tarde, com mercados repercutindo novas críticas do chefe do Executivo ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e a decisão do Copom.

O dólar, que chegou a cair mais de 1% durante a manhã, mudou de sinal e encerrou o dia com alta de 0,39%, negociado a R$ 5,461, o maior patamar desde julho de 2022.

“A saída de dólares do país segue forte e isso reflete na cotação da moeda e também no volume de negociação do nosso mercado, que tem encolhido muito ao longo deste ano. Os investidores estrangeiros estão movendo seus recursos de risco para outros países emergentes que demonstram melhores perspectivas do que o Brasil”, explica Anderson Silva, sócio da GT Capital.

O efeito negativo das falas do presidente também fizeram o Ibovespa encerrar próximo da mínima do dia, apesar de se manter no campo positivo com alta de 0,15%, aos 120.445 pontos.

O desempenho do mercado foi sustentado pelo avanço das principais companhias listadas, com Vale (VALE3) ganhando 0,9%, enquanto Petrobras (PETR4) valorizou 1,59%.

Lula lamentou nesta quinta-feira a decisão do Copom de encerrar o ciclo de afrouxamento monetário e manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, afirmando que o povo brasileiro é quem mais perde com a decisão.

“Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro”, disse Lula em entrevista à rádio Verdinha, em Fortaleza.

Ele afirmou que o presidente da República não se mete nas decisões do Copom, mas questionou a autonomia da autoridade monetária, acusando-a de servir aos interesses do mercado financeiro.

“A decisão do Banco Central foi investir no mercado financeiro, foi investir nos especuladores que ganham dinheiro com juros. Nós queremos investir na produção”, pontuou.

O Copom do BC decidiu na véspera interromper o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em agosto do ano passado, dando destaque à piora das expectativas de inflação.

Também afirmou que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

A decisão já era esperada pelos analistas, que focaram a atenção no placar unânime da decisão do colegiado em interromper o ciclo de queda.

O placar era visto com atenção após a divisão da reunião anterior, em maio, quando os quatro indicados por Lula votaram por um corte maior dos juros, sendo superados pelos cinco remanescentes indicados da antiga gestão de Jair Bolsonaro – incluindo Campos Neto -, de desaceleração do ritmo de queda.

Parte do mercado temia que o BC ficasse mais leniente com a inflação a partir de 2025, quando encerra o mandato do atual presidente e os indicados pelo governo petista serão maioria nas decisões.

De acordo com o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, a bolsa reagiu mais cedo ao movimento de alívio originado na decisão do Copom.

“Mais do que o movimento na Selic, pesa a decisão unânime da diretoria, que aliviou um pouco as preocupações sobre uma eventual influência política na decisão de parte do comitê”, acrescentou.

Apesar do alívio, o analista econômico Lucas Farina, da Genial Investimentos, destacou que a dúvida sobre a sucessão da presidência do BC continuará a alimentar incertezas do mercado acerca da condução futura da política monetária daqui em diante.

*Com informações da Reuters

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