Análise: Imperatriz, Grande Rio e Salgueiro se destacam em desfile de alto nível
Com carnavais de estilos distintos, as três escolas superaram Beija-Flor, Tijuca e Porto da Pedra
A primeira noite de desfiles do Grupo Especial fez jus à fama de maior espetáculo da Terra: com seis apresentações diferentes, mas de certa forma relacionadas (o “Lunário perpétuo” tem ligação com o Nordeste, onde fica Maceió, a onça e os ianomâmis vivem nas mesmas florestas, a cigana passou por Portugal…), e de diferentes níveis de qualidade, o público viu o que os cariocas chamam de carnaval.
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No âmbito da competição, Imperatriz Leopoldinense, Grande Rio e Salgueiro despontaram como favoritas ao título, à frente de Beija-Flor, Unidos da Tijuca e Porto da Pedra. As três favoritas representam tipos distintos de carnaval: a Imperatriz, que fechou a noite com “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da Cigana Esmeralda”, foi a mais lúdica, a que mais divertiu, a que carnavalizou; a Acadêmicos do Grande Rio teve, de longe, o maior impacto visual da noite, com “O nosso destino é ser onça” e o jogo de luzes, com pulseiras à la Coldplay; e o Salgueiro foi pelo lado político ao defender a causa ianomâmi, em desfile também de forte apelo visual, mas sem as inovações da Grande Rio.
As três podem ir longe, de acordo com a subjetividade dos jurados e eventuais defeitos que surgiram nos desfiles, nenhum grave. O mesmo não se pode dizer da Unidos do Porto da Pedra, que abriu a noite, depois de mais de uma década longe do Grupo Especial. A escola de São Gonçalo veio suntuosa, pronta para brigar pela permanência no grupo, mas deu um passo maior do que as pernas: defeitos técnicos marcaram a apresentação, e a caída de volta para a Série Ouro parece inevitável.
A Unidos da Tijuca deu o azar de vir imediatamente após a Grande Rio, e seu desfile, que já seria fraco, pareceu ter saído diretamente de 1990. A escola do Borel falou da história de Portugal com “Um conto de fados” e, apesar de algumas ideias e de um bom samba, não causou qualquer impressão.
A Beija-Flor sofreu com a síndrome do domingo, ao ser a segunda a desfilar. Apesar de bem vestida, a gigante de Nilópolis padeceu com um samba fraco, e a tradicional garra dos componentes foi trocada por uma levada algo burocrática. Com um novo (e promissor) carnavalesco, João Vitor Araujo, a Beija-Flor pouco parecia a Beija-Flor.
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