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Fronteira dos EUA com México recebe Biden e Trump no mesmo dia, em campanha presidencial

Em uma coincidência de agendas, o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o candidato a voltar à Casa Branca Donald Trump desembarcam nesta quinta-feira (29) no estado do Texas para visitar a fronteira do país com o México. O objetivo de ambos é afrontar o tema da imigração ilegal, que aparece nas pesquisas de opinião como a principal preocupação dos eleitores nessa corrida pela Casa Branca.


Luciana Rosa, correspondente da RFI Brasil em Nova York
Um agente da Guarda Nacional do Texas carrega uma menina migrante por cima de uma cerca farpada, às margens do Rio Grande, em El Paso, estado do Texas. (30 de janeiro de 2024)
 AFP – HERIKA MARTINEZ

Embora visitem o mesmo estado, as cidades escolhidas por cada um ficam bastante distantes. O presidente Joe Biden tem como destino Brownsville, a cerca de 480 quilômetros de distância de Eagle Pass, escolhida por Donald Trump.

O presidente americano vai ouvir diretamente dos agentes da Patrulha de Fronteira sobre a gravidade da situação na área. Biden também pretende expor aos agentes o trabalho que tem sido feito junto aos senadores para apresentar um projeto de lei bipartidário para a fronteira, de acordo com o que informou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em entrevista coletiva na noite desta quarta-feira.

Não está claro se o presidente deve se reunir com imigrantes. A última vez que Biden esteve na fronteira foi em janeiro de 2023, quando visitou El Paso.

Trump vai a zona crítica na fronteira

Já Donald Trump tem no roteiro uma das áreas mais críticas da divisa com o México, a cidade de Eagle Pass, que viu um número recorde de imigrantes atravessar as águas do Rio Grande em dezembro do ano passado.

Em campanha, Trump pretende mostrar que a imigração está no topo da sua lista de prioridades. Além disso, está nos planos do candidato um discurso comentando alguns dos incidentes criminais envolvendo pessoas não-documentadas ocorridos nos Estados Unidos.

A imigração está hoje no topo das principais preocupações dos americanos. De acordo com uma pesquisa da Consultora Gallup, realizada de 1º a 20 de fevereiro, a parcela de americanos que considera a “imigração” como o problema mais importante do país saltou de 20%, no mês passado, para 28% este mês – desbancando, assim, a inflação.

A campanha de Trump respondeu à notícia da visita de Biden dizendo que o atual presidente “teve três anos para visitar a fronteira e resolver a crise que criou”.  Nas palavras da porta-voz da campanha, Karoline Leavitt, “os aliados de Biden estão enviando-o para lá no mesmo dia da viagem do presidente Trump, divulgada publicamente, não porque realmente queiram resolver o problema, mas porque sabem que Biden está perdendo terrivelmente”.

Promessa da ‘maior deportação da história’

Trump visitou a fronteira várias vezes durante o seu mandato como presidente. A visita mais recente foi em novembro do ano passado, oportunidade utilizada para intensificar a retórica anti-imigração e receber o apoio do governador do Texas, Greg Abbott, que vem tentando aprovar leis que permitam a prisão de imigrantes surpreendidos no estado sem documentos.

Trump já afirmou que os imigrantes estão “envenenando o sangue” dos Estados Unidos e prometeu conduzir a “maior operação de deportação doméstica da história”, caso ganhe as eleições de novembro.

A visita de Biden ocorre apenas algumas semanas após os Republicanos barrarem a proposta bipartidária de uma lei que restringiria a concessão de asilo, contemplando o fechamento temporário das fronteiras. Biden criticou repetidamente os republicanos do Congresso por não ter aprovado o pacote que destinaria US$ 118 bilhões para atender assuntos de imigração e defesa, incluindo ajuda à Ucrânia, Israel e Gaza.

As concessões significativas na política de fronteira que Biden estava disposto a fazer a fim de liberar os recursos para os países aliados não pareceram suficientes para os republicanos. O fracasso do pacote de medidas deveu-se, em grande parte, à oposição de Trump, que espera usar a fronteira como uma arma política contra Biden.

Suprema Corte avaliará imunidade penal de ex-presidente

A Suprema Corte dos Estados Unidos aceitou, nesta quarta-feira (28), apreciar o tema da imunidade penal invocado pelo ex-presidente Donald Trump, e o fará no final de abril, poucos meses antes das eleições presidenciais de novembro.

Com quatro acusações criminais, o grande favorito para a indicação presidencial republicana tenta atrasar ao máximo os julgamentos, apresentando recursos. Em 6 de fevereiro, um tribunal federal de apelações desconsiderou a imunidade, reabrindo o caminho para que Trump seja julgado em Washington por sua suposta tentativa de alterar os resultados das eleições de 2020.

O tribunal de apelações suspendeu a sentença para dar a Trump a oportunidade de apelar perante a Suprema Corte, levando a juíza Tanya Chutkan a anunciar o adiamento do julgamento, inicialmente marcado para 4 de março. A Suprema Corte disse que consideraria “se um ex-presidente desfruta de imunidade presidencial em relação a um processo criminal por condutas que supostamente envolvem atos oficiais durante seu mandato, e, em caso afirmativo, em que medida”.

O promotor especial Jack Smith, que investiga o caso, recomendou à Suprema Corte que não aceitasse o caso para julgamento, mas, se o fizesse, que estabelecesse um calendário acelerado.

Em sua decisão desta quarta-feira, a Suprema Corte atendeu parcialmente a Donald Trump ao não permitir que a decisão de apelação entrasse em vigor até que se pronunciasse. Porém, ao programar os debates para “a semana do dia 22 de abril”, atende também ao pedido do promotor especial de antecipar o prazo.

Em seus argumentos, Smith enfatizou a “importância nacional única deste caso penal”, no qual um ex-presidente está sendo “processado criminalmente por tentar permanecer no poder impedindo o legítimo vencedor das eleições de assumir o cargo”.

Se ganhar as eleições de novembro, Trump poderia ordenar o encerramento dos processos federais abertos contra ele assim que assumisse o cargo, em janeiro de 2025.

Com informações da AFP

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