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Após dois anos de alta, aluguel de imóvel começa a desacelerar, e valor deve cair no segundo semestre

Especialistas observam que mercado iniciou processo de estabilização após meses de crescimento acentuado e indicam possibilidade de baixa nas quantias cobradas nos próximos meses

Foto: Freepik
Em abril, ‘inflação do aluguel’ recuou 2% e taxa em 12 meses ficou negativa pela primeira vez em cinco anos

Após quase dois anos de altas consecutivas no preço de aluguéis de imóveis, o setor começa finalmente desacelerar em São Paulo e no Rio de Janeiro. É o que indica o Índice de Aluguel QuintoAndar. Segundo dados da plataforma, a capital paulista registrou a primeira queda nos preços desde junho de 2021. A média do metro quadrado em maio foi R$ 44,55, valor 0,6% menor que o registrado em abril. Já a capital carioca teve a menor variação mensal no valor desde junho de 2022. O preço médio do metro quadrado chegou a R$ 38,57, valor apenas 0,7% acima do registrado em abril. Segundo especialistas, os primeiros sinais desaceleração do setor se devem à dificuldade de manter altas por um período tão prolongado. Para o segundo semestre do ano, a expectativa é de estabilização nos preços dos imóveis ou até mesmo queda.

Cesar Peghini, advogado e professor de Direito Imobiliário, analisa que a queda nos valores é uma reação natural do próprio mercado. “Pesquisas recentes de empresas do setor, ligadas a corretagem imobiliária, identificaram que estamos na menor busca de imóveis dos últimos três anos. Depois disso, o mercado percebeu que era preciso diminuir os valores. Com o atual plano do governo de oferta de crédito, possivelmente a gente consiga resolver essa questão e a baixa do mercado possa ser um fator positivo para fomento na aquisição de novos imóveis. Me parece que essa diminuição é para adequar a oferta e a demanda e, talvez, com a abertura de crédito, tenhamos um resultado positivo na segunda metade do ano e a diminuição dos valores”, indica.

Advogado especialista em direito do consumidor, Jonas Sales complementa que a redução também foi influenciada pelo fim do período de alta temporada no que diz respeito à procura por aluguéis. “Da mesma forma o entendimento de economistas de que é muito difícil manter o mesmo ritmo de crescimento por um longo período de tempo. Já eram 21 meses de alta no preço do metro quadrado. A permanência do cenário visto no primeiro semestre pode ser espelhada na segunda metade do ano, a depender da oferta e da procura. Ainda teremos julho e dezembro de alta temporada, assim como da resposta da economia às políticas que vem sendo aplicadas pelo Governo no setor”, avalia. De acordo com Pedro Capetti, especialista de dados do QuintoAndar, o movimento de alta nos preços, principalmente em São Paulo, vinha perdendo força desde o final do ano anterior. Ele pontua que agora os preços estão se acomodando e que é possível que os aluguéis da capital paulista continuem apresentando uma tendência de estabilização ou até mesmo registrem quedas adicionais no segundo semestre deste ano.

Já o mercado imobiliário carioca vem apresentando um ritmo de crescimento mais lento nos últimos meses, após um período prolongado de alta que durou 21 meses. Segundo o especialista do QuintoAndar, essa desaceleração nos preços, mais recentemente, reflete uma menor demanda por aluguéis, principalmente devido ao fim da alta temporada de imóveis. Além disso, indica uma dificuldade de manter a mesma velocidade de crescimento observada em 2022. “Ao longo do ano, a taxa de crescimento dos preços dos aluguéis tem diminuído. Em janeiro, a alta em 12 meses atingiu 17,8%, mas em maio esse valor caiu para 14,56%. Essa desaceleração sugere uma redução na pressão sobre os preços no mercado imobiliário carioca. É preciso ressaltar que esse cenário de menor variação nos preços não é uniforme em todos os segmentos do mercado. Em maio, por exemplo, apenas os imóveis de um quarto apresentaram alta em comparação com abril, indicando que o crescimento no Rio de Janeiro tem sido menos homogêneo”, afirma.

Ele pontua que uma eventual queda nos próximos meses teria um efeito bom sobre as expectativas de mercado, pois seria uma sinalização de que o Banco Central está entrando em um ciclo de queda da Selic. “Apesar disso, os efeitos só começarão a ser sentidos em 2024. A desaceleração dos preços em ambas as cidades é reflexo do ciclo de aumento de juros que vimos nos últimos anos. Por um lado, o juro mais elevado desaquece a economia e diminui a pressão sobre o mercado de aluguel. Por outro, o juro mais alto encarece o crédito imobiliário, o que incentiva mais pessoas a permanecer no aluguel e postergar a compra de um imóvel. No fim, o efeito que prevalece é o primeiro: a economia está crescendo menos do que no ano passado, e o mercado de aluguel está um pouco menos aquecido como resultado. O cenário mais provável para os próximos meses é de acomodação dos preços”, avalia.

Para quem busca um novo aluguel, Jonas recomenda que o consumidor seja honesto consiga mesmo e pesquise por preços que caibam no seu orçamento. “É importante não cair no endividamento ou no super-endividamento. Dito isto, é de extrema importância que verifique a média de preços aplicada em locais próximos ao que pretende alugar. De outro lado, na hora de negociar valores de aluguel é necessário estar bastante atento ao que dispõe o contrato, tanto em direitos quanto em deveres”, sugere. Cesar Peghini complementa que é importante não ficar preso apenas ao valor, mas também a outras cláusulas contratuais, como renúncia de benfeitoria, possibilidade de despejo liminar ou cláusulas de garantia que onerem demais o locatário.

Jovem Pan

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