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370 mil franceses vão às ruas mesmo com pouca esperança de barrar reforma da Previdência


Milhares de franceses voltaram às ruas neste sábado, 11 de março de 2023, para protestar contra a reforma da Previdência, que está em votação no Senado. Após uma manifestação recorde com mais de um milhão de participantes, os protestos de sábado foram os menores desde o início do movimento social
AP – Lewis Joly

Após reunir 1,3 milhão de pessoas contra a reforma da Previdência na terça, os franceses foram mais uma vez convocados a se manifestarem neste sábado (11). Os sindicatos e partidos progressistas queriam mostrar força diante de um Senado que aprova às pressas o impopular projeto de Emmanuel Macron. A mobilização, no entanto, foi bem menor que o esperado: 368 mil manifestantes em todo o país, segundo o Ministério do Interior. Para 78% dos franceses, a reforma será aprovada e vai entrar em vigor.

Este foi o sétimo protesto nacional desde janeiro contra a reforma de Macron que pretende, entre outras coisas, aumentar a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos.

Somadas as manifestações registradas em toda a França, a polícia indica um total de 368 mil pessoas nas ruas. Para os sindicatos, o número chegou a um milhão.

Em Paris, o protesto começou na tradicional praça da República durante a tarde. Cerca de 48 mil pessoas, segundo a polícia, marcharam por quase quatro quilômetros até o 11° distrito da capital. Os sindicatos falam em 300 mil pessoas. Em qualquer uma das duas contagens, entretanto, é nítida a redução na mobilização. O protesto deste sábado foi o que reuniu menos pessoas.

Enquanto parte da França marchava nas ruas, os senadores se reuniam no Palácio de Luxemburgo para adiantar a votação do projeto de lei, que foi analisado artigo a artigo ao longo da semana.

Milhares de franceses voltaram às ruas neste sábado, 11 de março de 2023, para protestar contra a reforma da Previdência, que está em votação no Senado. Após uma manifestação recorde com mais de um milhão de participantes, os protestos de sábado foram os menores desde o início do movimento social
Milhares de franceses voltaram às ruas neste sábado, 11 de março de 2023, para protestar contra a reforma da Previdência, que está em votação no Senado. Após uma manifestação recorde com mais de um milhão de participantes, os protestos de sábado foram os menores desde o início do movimento social AP – Lewis Joly

Cartada final?

Em mais uma tentativa de interromper o processo de aprovação, os sindicatos pediram ao Presidente da República que abra uma “consulta ao povo” sobre a reforma previdenciária. O projeto de lei apresentado pelo governo é desaprovado pela maioria dos franceses, segundo pesquisas de opinião.

Em uma declaração na noite de sábado, o grupo inter-sindical denunciou o “desprezo” de Emmanuel Macron e o desafiou “a organizar uma consulta aos cidadãos [sobre a previdência] o mais rápido possível”. “Se ele está tão seguro de si mesmo, o presidente da República só tem que consultar o povo. Veremos a resposta do povo”, disse o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez.

Uma nova manifestação está prevista para a próxima quarta (15). Este é o dia que deputados e senadores devem se reunir para chegar a um acordo final sobre o texto, antes da última votação.

Por enquanto, parece difícil que o governo macronista consiga aprovar a reforma entre os deputados. No entanto, ele tem em suas mão a possibilidade de impor a reforma por um artigo que garante a adoção da lei sem votação, o 49.3. O uso dessa arma constitucional poderia revigorar a mobilização das ruas e dar novo fôlego às greves em curso em diversos setores, como as refinarias, produção de energia, coleta de lixo, transporte ferroviário e aéreo.

Ainda assim, segundo uma pesquisa Elabe para a BFMTV publicada neste sábado, 78% dos franceses acreditam que a reforma será aprovada e vai entrar em vigor.

Noticiário Francês

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