Há alguns meses, o técnico Jürgen Klopp surpreendeu o mundo do futebol ao anunciar que deixaria o Liverpool no final da atual temporada. Vindo de um ano em baixa, sem sequer se classificar para a Liga dos Campeões, o treinador comandou uma pequena reformulação no elenco, sofreu com lesões, mas seguiu imune, vivo em todas as competições e dependendo apenas de si para voltar a ser campeão inglês.
Só que a despedida que parecia ser em grande estilo não resistiu a um mês de instabilidade. As derrotas de abril tiraram do Liverpool praticamente todos os títulos possíveis. Os Reds foram eliminados da FA Cup, da Liga Europa e vacilaram no Campeonato Inglês diante da disputa ferrenha, ponto a ponto, com Arsenal e Manchester City.
A situação do Liverpool chegou ao caos extremo agora em abril, mas dá para afirmar que um forte indício aconteceu já em março. No dia 17, pelas quartas de final da FA Cup, os Reds visitaram o instável Manchester United. Foram dominantes quase todo o jogo, mas vacilaram ao ceder o empate no fim. Nos acréscimos, o time de Klopp chegou a estar na frente de novo, mas acabou perdendo por 4 a 3. Com três competições pela frente, sair da FA Cup não era o fim do mundo. Só que a partir da derrota para o Manchester United, o Liverpool registrou quatro derrotas em nove jogos.
Esse é o mesmo número de derrotas que tinha nas outras 45 partidas da temporada. As derrotas foram todas doídas. Mesmo com o elenco “reforçado” com a volta dos jogadores lesionados, como Salah, Arnold e Jota, o nível das atuações caiu de maneira evidente. O resultado foi derrota em casa para a Atalanta por 3 a 0 e eliminação nas quartas de final da Liga Europa, competição em que era favorito ao título. Mas claro, ainda sobrava o objetivo principal: reconquistar a Premier League.
O empate contra o Manchester United em 7 de abril já havia custado a liderança para o Arsenal pelos critérios de desempate. No dia 14, em Anfield, uma inesperada derrota para o Crystal Palace, com show de gols perdidos, complicou ainda mais a situação. Então nesta quarta, o Everton foi algoz dos Reds, vencendo por 2 a 0 e praticamente tirando o rival da briga pelo título. Agora o Liverpool está a três pontos do Arsenal, que lidera e pode ficar a cinco pontos do Manchester City, que ainda tem dois jogos a menos.
Ainda restam mais quatro rodadas, ou seja, é possível afirmar que o título foi perdido no Goodison Park, como cantou a torcida do Everton após a vitória desta quarta. Klopp ainda deixará os Reds sem vencer os últimos três clássicos que disputou contra United e Everton. O treinador alemão pode ser considerado culpado pela queda no fim da temporada, com escolhas questionáveis, mas principalmente, por não conseguir mostrar a mesma energia de antes, o que motivou a sua saída, admitindo “estar cansado”.
Nos Reds por nove temporadas, ele conquistou uma Premier League, uma FA Cup, duas Copa da Liga, uma Liga dos Campeões, uma Supercopa Europeia e um Mundial de Clubes. Klopp foi histórico no Liverpool, devolvendo ao gigante inglês a autoestima e o protagonismo na prateleira mais alta do futebol. O fim deve ser sem títulos importantes (conquistou a Copa da Liga nesta temporada), diferente do esperado, mas não apaga a história. Ainda restam quatro jogos no comando dos Reds, contra West Ham, Tottenham, Aston Villa e a derradeira despedida em Anfield diante do Wolves. Sem conquista aparente, mas um dia para o torcedor agradecer.
O Gol
