Mundo

Coreia do Sul cogita enviar armamentos para Ucrânia


O presidente Yoon Suk-yeol durante entrevista concedida à agência de notícias Reuters, em Seul, no dia 18 de abril de 2023.
 REUTERS – KIM HONG-JI

Desde o início da invasão da Ucrânia, Seul mantinha a política de enviar apenas ajuda humanitária para Kiev, evitando assim causar danos à relação entre a Coreia do Sul e a Rússia. No entanto, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, disse em uma entrevista à Reuters que o país considera a possibilidade de enviar armas para a Ucrânia caso haja um grande ataque russo contra civis.

Se a Coreia do Sul manteve até agora certa distância do conflito na Ucrânia, tendo uma posição que pode ser considerada ambígua, o anúncio do presidente Yoon Suk-yeol aponta para o que seria uma mudança completa de postura.

Até o momento, Seul tomava cuidados para não irritar o presidente russo, Vladimir Putin, com o apoio militar à Ucrânia, temendo que tal posicionamento pudesse levar Moscou a fortalecer seus laços e seu apoio à Coreia do Norte.

Sem enviar material a Kiev, a Coreia do Sul se contentava com a venda de armas a membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como a Polônia, vizinha da Rússia.

Entretanto, os arquivos do Pentágono vazados na semana passada mencionam a pressão dos EUA para que a Coreia do Sul envie armas à Ucrânia, especialmente equipamentos antiaéreos e munições de artilharia.

No caso de um “ataque em larga escala contra civis”

Em entrevista concedida à agência Reuters, o presidente salienta que um eventual apoio militar à Ucrânia só acontecerá com uma condição: “Se houver uma situação que a comunidade internacional não pode tolerar, como um ataque em grande escala contra civis, um massacre ou uma grave violação das leis da guerra, pode ser difícil insistir em fornecer apenas ajuda humanitária ou financeira”, justifica ele.

Mas não está claro o que Yoon Suk-yeol quer dizer quando fala em “ataque em grande escala” contra civis. O assunto provavelmente será discutido na reunião que ele terá com Joe Biden na Casa Branca em 26 de abril, quando serão celebrados os 70 anos da aliança entre os dois países.

Rússia critica posicionamento

A entrevista do presidente sul-coreano causou a reação do Kremlin. “Infelizmente, Seul tomou um posicionamento bastante hostil nesta história”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à imprensa. “A entrega de armas significaria indiretamente um certo grau de envolvimento neste conflito”, advertiu Peskov.

“Temos novas pessoas dispostas a ajudar nossos inimigos”, comentou também o ex-presidente russo Dmitry Medvedev, em mensagem publicada no Telegram. “Pergunto-me o que o povo deste país dirá quando vir as mais modernas armas russas com seus vizinhos, nossos parceiros da Coreia do Norte“, acrescentou ele.

Com informações de Célio Fioretti, correspondente da RFI em Seul

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo